Ministério do Trabalho manda imprimir o cartão ponto para evitar o roubo das horas. E o Ministério da Justiça?


Ministério do Trabalho e Emprego torna obrigatório o uso de ponto eletrônico com impressão de comprovante diário para o funcionário, em empresas com mais de dez funcionários que usam o sistema eletrônico (link). Isto é para evitar a manipulação dos dados pela empresa, baseado na firme suspeita e eventuais comprovações de que muitas roubam horas de seus funcionários. As empresas que roubam e têm muitos funcionários ganham um balaio de dinheiro todo mês, fruto desse roubo.
Já quanto ao voto eletrônico na caixinha dos toga preta dos TRE e TSE, ninguém sente-se realmente incomodado, nem o povo nem o governo – todos decidiram que no judiciário ninguém rouba e que esse é um super-poder cujos assustadores togas pretas, mais a espadachim vendada com a balança das moedas de ouro, impedem qualquer um de roubar. Todos decidiram que o Maluf e outras nobres figuras da república não têm controle algum sobre as urnas dos toga preta e que tanto ele quanto os outros sempre se elegem é com o voto verdadeiro e convicto d@s eleitor@s mesmo.
O voto impresso estava previsto na lei que criou o voto em urna eletrônica e segundo essa lei deveria ser implantado em 1996. O fato de que até agora não foi implantado atesta a grande fé do povo brasileiro na lisura, ética e bons costumes de seus governantes em cada um dos 4 poderes. Ou isto ou o povo brasileiro, inclusive a parcela que ora ascendeu ao comando do governo federal, não acha o voto algo de suficiente valor e digno de tanta preocupação quanto as horas trabalhadas.
Quando eu era guri ficava perplexo diante da informação da quantidade de dinheiro roubado por alguns ladrões políticos, ladrões banqueiros, ladrões empresários, ladrões juízes – não conseguia entender porque roubavam tanto, continuamente, por tanto tempo, tão descaradamente e tão livre e impunemente. Foi preciso envelhecer para compreender que para fazê-lo assim abertamente, garantidamente e o tempo todo, precisavam ter o sistema a seu lado e que isso sim é muito dispendioso, pois é necessário sustentar o butim de milhares de ladrões que lhes dão sustentação no segundo, terceiro e quarto escalões de todos esses poderes e instituições.
Esse concílio do engodo e da trapaça progrediu de tal forma que tornou-se institucional em nosso pobre (para a imensa maioria) país, de tal forma que para este povo tão contínua e longamente espoliado, vituperado, tripudiado, o voto passou a ser, senão a menor, a menos sentida de suas perdas e por isto pouco agraciado com atenção. O que fazer em um país onde sempre fomos roubados na educação, na saúde, na cultura, na qualidade e quantidade da alimentação, no exercício da cidadania, no capital público acumulado e até nas horas de trabalho prestado?
Diante desta tenebrosa realidade o voto, coisa dada de embolada e marquetagem a cada dois anos, não tende  a parecer a perda de menor valor? Ah, que roubem-no também então, não é mesmo?!
Mas e agora, que teremos o cartão ponto impresso, diariamente, nas mãos dos trabalhadores, para evitar o roubo das horas trabalhadas? Agora bem que poderíamos cumprir a lei e imprimir o voto, a cada dois anos, para que também possam ser comparados os resultados anunciados pelos patrões das urnas, com os votos efetivamente dados pelos trabalhadores nas urnas. Os patrões das urnas não querem nem ouvir falar nisso. Por que será? E nós, queremos falar nisso? Ou tá bom assim mesmo?

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