Tu és o culpado? Sou eu?

  O documento “World Scientists’ Warning of a Climate Emergency” (BioScience, 05/11/2019) afirma que: “O crescimento econômico e populacional está entre os mais importantes fatores do aumento das emissões de CO2 em decorrência da combustão de combustíveis fósseis”. Em consequência, diz o seguinte sobre a questão demográfica: “Ainda crescendo em torno de 80 milhões pessoas por ano, ou mais de 200.000 por dia, a população mundial precisa ser estabilizada – e, idealmente, reduzida gradualmente – dentro de uma estrutura que garanta a integridade social” (Bongaarts e O’Neill 2018)”.*


Sobre a conclusão dos "cientistas mundiais" acima tenho a dizer que pode-se perfeitamente identificar de que parte do topo do bolo social ela foi enviada, pois há outras muito mais plausíveis e óbvias para todas as outras camadas sociais. Eu, por exemplo, indicaria, visando reduzir a emissão de gases do efeito estufa e o risco de extinção de zilhões de vidas, não só humanas, a prioridade absoluta de "estabilização e redução" do lucro exponencial, da megaespeculação, da competição desenfreada, da inadequação e desrespeito à legislação e ao bom senso, da impunidade, da consagração da opulência sobre todos os valores e outras coisinhas como libertinagem, incentivos e imunidade às grandes corporações, à monocultura, aos latifúndios, às grandes fortunas, etc, etc, etc.

 Todos esses padrões do sistema vigente, inclusive a conclusão do 'documento' ali acima, apontam sua origem para o mesmo lado, que é onde estão os geradores de catástrofes ambientais, entre outras mais imediatas. O aquecimento global pouco tem a ver com a quantidade de população e muito com a péssima qualidade e absoluta insanidade das escolhas impostas pela pequena e dominante cereja no topo do bolo populacional, a cereja que define como as coisas são feitas e que opta pela maneira mais abominável e efetivamente criminosa de fazê-las. 

Ao contrário do que essa cereja populacional prescreve e obriga o restante do bolo a executar (e a se auto-executar) através de sua vasta organização criminosa mundial, não advogo sua extinção, mas sim a sua evolução. E ainda que qualquer dessas possibilidades me pareça impossível em tempo hábil, isto não me impede de torcer pela evolução rápida dos privilegiados 'excludentes-e-garras' à condição de seres sociais de amplo espectro e não predadores. Em qualquer hipótese, quem viver deverá, ao que acontecer ou não com essa pequena e hoje monstruosa cereja, o seu destino.

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