De como se dá a luta de classes

Os de baixo se agarram nos pés dos de cima, para subir.
Os de cima chutam a cara dos de baixo, para impedir.

Comentários

Hupper disse…
Scharlau

Conheces o tríptico del Bosco “O Carro de Feno” ?

Baseia-se em um provérbio flamengo que diz: “O mundo é um monte de feno e cada um agarra o que pode”.

Sem o feno não se sobrevivia no inverno, sem feno não houve colheita etc.

Dê uma olhada na tela (http://www.girafamania.com.br/artistas/personalidade_bosch.html)

nada mudou

Hupper
Jean Scharlau disse…
Hupper,
Ao vencedor, as batatas!
Regina Ramão disse…
E, no final, todo mundo fede igual. A humanidade é muito burra mesmo.

Abç

Re
Jean Scharlau disse…
Regina,
Felizmente, nós não!
Quem são os de cima e quem são os de baixo? Vejam Porto Alegre que é uma cidade classe média. Os bairros centrais são todos uniformes. Cada vez mais carros passam de um lado para outro. Os restaurantes, bares, armazéns, supermercados, shoppings estão todos cheios. Onde está o explorador e onde está o explorado? O mundo da cidade moderna é muito mais complexo, difuso, diversificado do que certa esquerda que faz questão de não revisar a religião de seus dogmas, consegue entender. É exatamente por isso que certa esquerda não consegue mais cativar o coração e mente das pessoas, porque se trata de um discurso anacrônico e irreal. A esquerda é burra sim, Scharlau. E muito burra.
Anônimo disse…
Comportamento da classe média clássica: na impossibilidade de atingir o "topo top", ela esperneia impedindo a ascenção da classe operária. A classe média clássica só se vê enquanto classe na medida em que garante a impossibilidade da incômoda vizinhança. Portanto, a classe média clássica é mercenária por excelência. Prefiro a altíssima burguesia, que, mesmo perdendo continua ganhando, do que a clássica classe média que, não podendo trocar de carro culpa os pobres.
Anônimo disse…
Caro, Jean. Tu estás agarradado nos pés de alguém ou estás chutando a cara de um infeliz? É tão simples assim?

Fernando Paim
Jean Scharlau disse…
Maia, Porto Alegre não é uma cidade classe média. É uma cidade bem estratificada. A integração entre classes, principalmente na sua área urbana central, que foi feita em sua história recente, foi promovida pela esquerda, com a urbanização digna da Vila Planetário (http://www2.portoalegre.rs.gov.br/demhab/default.php?p_secao=77), Vila dos Papeleiros (http://www2.portoalegre.rs.gov.br/demhab/default.php?reg=4&p_secao=78) e o Programa Integrado Entrada da Cidade (http://www.consciencia.net/2003/05/24/poa.html).

Além destas, centenas de outras ações para levar os benefícios da cidadania e civilização à periferia antes desprezada (classes baixas) foram feitas pela administração de esquerda na cidade que hoje chamas de classe média, coisas até então só disponíveis à restrita classe média mesmo, como asfalto, transporte regular, água encanada, esgoto, iluminação, escolas próximas, com ensino qualificado, segurança, postos de saúde...

A direita não consegue (não se dispõe) nem a resolver o problema da vila Chocolatão, que fica no Centro de POA.
Jean Scharlau disse…
Ary, deste um lustro erudito ao meu poeminha, mas discordo de ti quanto à preferência pela altíssima burguesia, já que é ela a responsável por conduzir a sociedade aos seus maus hábitos, levando todas as outras classes a reboque, ainda que tenha havido alguns hiatos onde as classes médias e baixas deram uma guinada à esquerda.
Jean Scharlau disse…
Fernando, o corporativismo é uma das expressões mais contundentes desse método de luta. Aos amigos, tudo. Aos outros a lei, da selva.

Se acho que nos comportamos todos assim? Não, acho que felizmente não. A minha torcida é para que não sejamos perenemente as exceções que confirmam a regra.
Quem fez e concluiu a vila dos papeleiros foi o Fogaça. A Vila Chocolatão está localizada em área do governo federal. O que eu mais detesto na discussão da política no RS é a esquerda faz tudo e os outros não fazem nada. Isso sim é irreal. Porto Alegre é sim uma cidade de classe média que é hoje a classe dominante no Brasil e a aspiração de todos é se tornar classe média, ter razoável qualidade de vida etc.. A luta, como disse o professor Boaventura no 1º Forum Social Mundial, que assisti, não é mais dos explorados contra os exploradores (como pensa equivocadamente grande parte da esquerda retrógada gaúcha) mas a inclusão social dos excluídos. A agenda que o Brasil deve cumprir ela não é ideológica, mas de inclusão e a inclusão social interessa a todos. E, sobretudo, ao capitalista porque vai ter muito mais consumidor. Talvez não interesse à esquerda porque vai perder público consumidor de suas idéias. E por isso a esquerda do RS chama a classe média de classe mérdia. Né não?
Anônimo disse…
Amigo Jean: a preferência pela altíssima burguesia foi pura sacanagem - mas considero a classe média clássica, mercenária por natureza. Admiro a tua paciência com um certo cara. Abç.
Jens disse…
Ó admirável mundo novo que possui pessoas assim.
Anônimo disse…
O planeta Terra (e o Brasil) não suporta a inclusão social de grandes parcelas. Não há recursos naturais suficientes para contemplar um padrão de vida médio. Não no capitalismo. Exemplo: a expectativa dos chineses é chegarem a um padrão americano de consumo. Se isso acontecer, a China precisará de todo o ferro existente no mundo (atualmente, consome 54%!), de todas as áreas agricultáveis e de toda a água do planeta. Simples, assim. Já, no socialismo, é possivel lidar com uma inclusão igualitária e em moldes franciscanos. Aliás, luxo não combina com as possibilidades que a natureza nos oferece. Pensemos nisso: a estratégia é "viver simplesmente para que todos possam simplesmente viver". (Ghandi, acho).
Jean Scharlau disse…
Maia,
1 - Se o Fogaça não terminasse a Vila dos Papeleiros (com projeto, licenças, verbas e paredes levantadas pela Adm. Popular, PT) ia ficar feio demais para ele. Ademais era lei e ele simplesmente tinha que concluir e entregar. Além disso, não fazê-lo seria muita burrice política, que não é o caso dele.

2 - Se a Vila Chocolatão está em cima de propriedade do Governo Federal, isto só facilita a obtenção de verbas e financiamentos para a solução do problema, que para quem mora ali não é só habitacional mas também de trabalho. A responsabilidade é do município, como o foi quando, sob administração de esquerda, geriu e efetuou a retirada e acomodação das famílias que viviam no muro do aeroporto Salgado Filho (área do governo federal). O município, sob Fogaça, não está cumprindo sua obrigação quanto à Chocolatão e outras vilas. Menos ainda as metas de inclusão que citaste. Ao contrário, o município está desincluindo pessoas.

3 - A periferia pobre de Porto Alegre está tão inchada e mal servida que transborda para o Centro, com um absurdo e crescente número de sem-teto, indigentes, mendigos, vagando e dormindo pelas calçadas.

4 - O Brasil tem cumprido uma respeitável agenda de inclusão social. O município de POA e o estado do RS é que não o tem feito. Fazem o contrário, inclusive com repressão por motivos ideológicos, impedindo os filhos dos associados ao MST de estudar.
Jean Scharlau disse…
Caro Ary, acho que minha paciência para com os discordantes por princípio e causa está em viés de alta. Além disso dá-me a oportunidade de relembrar e reafirmar coisas já sabidas e que não devem ser esquecidas.

A crise dos combustíveis nas décadas de 70/80 fez o mundo suprimir os carros banheirões. Agora os banheirões voltaram, no formato de camionetões e o capital sobre rodas está produzindo várias vezes mais carros, grandes e pequenos, do que naquela época. Só a Toyota, vi num programa da TV paga sobre a empresa, vende hoje 9 milhões de unidades por ano. O mercado gera a vontade, as pessoas passam a querer comprar, o mercado provê essa "necessidade". Essa é a auto regulação do mercado. Necessária mesmo é a gestão de um governo que freie essa libertinagem e estimule, principalmente junto aos mesmos agentes desse mercado, o planejamento e execução de alternativas viáveis a longo prazo, o que não tem sido feito por governo nenhum, todos originários, mamadores e subservientes ao capital desse mercado tal como está.
Anônimo disse…
É isso mesmo, Jean. Tenho para mim que as próximas crises (as grandes) serão cada vez mais ambientais, potencializando o caos econômico. O capitalismo é um desvio, um acidente (Niemayer) que tem seu tempo contado. Acho que no futuro a seleção natural será política, ou seja, o meio ambiente, não suportando a degradação, "selecionará um modelo socialista de gestão" - "num sacolejo, o planeta se livrará das pulgas (R. Seixas). Acredito até na volta do estilo hippie, não como movimento, mas como modo de vida libertário e integrado com a natureza. Um abraço e um excelente final de semana.
Anônimo disse…
A China está crescendo e se impondo assim...
Anônimo disse…
A respeito de como se dá a luta de classes, lembro os dizeres que estão na porta de um edifício de classe média na Av. Osvaldo Aranha (portanto bem dentro do que o Maia descreve como a sua Porto Alegre): "com polícia ou sem polícia isso aqui vai continuar cagado e mijado!"
Ou seja, ainda resta uma esperança, pois existe resistência.
E haja paciência com essa direita zarolha!
Suzana Gutierrez disse…
Pior...

Já contava o Marx no 18 Brumário que alguns se apoiam nos ombros dos outros para subir e os carregam as costas enquanto a sua presença é necessária. Tão logo cheguem ao poder os sacodem de si.

Eu até achei que o Lula estava usando esta estratégia nas suas alianças na primeira eleição... Mas ele segue carregando...