Historinha para boi acordar

Agora que a Câmara de Veradores da Capital gaúcha aderiu desbragadamente ao Liquida Porto Alegre;

Agora que a governadora do RS, a Crusius que o Rio Grande carrega, restabeleceu a chibata como corretivo educacional;

Agora que o prefeito Fogaça, e o seu estilo 'nada a ver', foi reeleito (é um homem ou um mito? Alguém já o viu? Sabe de algo que tenha feito? Além da musiquinha? Em campanha ele disse que é a cara de Porto Alegre, mas parece que só dá as caras em Miami);

Agora que a governadora, a Crusius aquela, transformou a Brigada Militar em Companhia de Guarda Pessoal, para ela e seu pessoal;

Agora que não convém também aos adultos sairem à rua, para não levar tiro ou bordoada;

Agora que até o bispo comprou rádio, jornal e TV, e em vez de usá-los para ouvir e divulgar as denúncias do povo e as maldades palacianas, faz como o Sir das rádios, jornais e TVs: esconder, manipular, aviltar os honrados, proteger os malfeitores;

Agora que as crianças não precisam mais ir à escola, pois não há professoras;

Que bom se a gente pudesse tirar férias,
bem longe deste lugar, dos amigos da raínha, do bispo, do prefeito, do coronel, do Sir,
e ir para um lugar belo, bom, hospitaleiro, onde houvesse um governo do povo, pelo povo e para o povo.

Mas não dá, não é mesmo? Só os amigos da Raínha, do Sir, do Bispo, do Prefeito e do Coronel têm dinheiro para tirar férias, pois recebem o que somos obrigados a pagar e mais o por fora, o por baixo das câmeras.

Não teremos férias. Nós temos, segundo eles, é que seguir trabalhando e vê-los tomar o que não têm direito, bem calados para não irritá-los, pois não temos a quem reclamar, e ai de quem tentar.
Isso é o que têm a nos dizer.

E nós, diremos o quê?

Comentários

Jens disse…
Oi Jean.
Cara, ultimamente procuro não pensar na realidade política e econômica dos pampas, porque, quando o faço, fico invariavelmente deprimido. É muita falcatrua. Somos governados por um bando de ladrões e canalhas. O que me assusta é não ver no horizonte nenhuma perspectiva concreta de mudança para melhor. O movimento sindical não existe mais (à exceção dos bravos professores que, temo, terão a espinha dorsal quebrada pela Bruxa Cretina, com o auxílio de seus áulicos na mídia); os estudantes igualmente não sabem o que é lutar por um ideal de solidariedade e justiça. O panorama é desolador, a tempestade de merda chegou.
Imagino que tenhas lido o Germinal, do Zola. Pois a minha vontade é fazer como o anarquista que, no final, explodiu a bosta toda.
Um abraço puto da vida.
Jean Scharlau disse…
Jens, de 5 anos pra cá ficou difícil entender a nova realidade política do Brasil e dificílimo sequer lembrar da do RS. Uma preocupação pessoal hoje é que tanta merda nova (barrionuevo, em castelhano) e merda velha remexida possa me deixar indiferente ao mau cheiro. Um medão é que essa indiferença tenha acontecido já a gente demais.
Abração.
Omar disse…
Camaradas,

A consciência de classe dos trabalhadores está em atraso em relação aos acontecimentos, mas a consciência de classe não é uma coisa feita dos mesmos materiais que as fábricas, as minas e os caminhos de ferro, mas de um material bem mais maleável; pode modificar-se rapidamente sob os golpes da crise, sob o peso de milhões de desempregados. A que velocidade se produzirão esses acontecimentos? Ninguém sabe: pode-se simplesmente dar a orientação geral que ninguém contesta. É somente depois que se põe a questão da apresentação do programa aos trabalhadores: naturalmente é uma questão muito importante; devemos aplicar à política o que sabemos de pedagogia e psicologia de massas, para construir uma ponte de acesso ao espírito dos trabalhadores.” LT no PT

Abraços
Jean Scharlau disse…
Omar, em 94, quando o PT já estava enamorado do marquetim para transpor a barreira de resistência da população à sua então tradicional imagem carrancuda, barbuda e brigona, eu escrevi um manifesto contra o marquetim e a favor da pedagogia como melhor meio para alcançar este objetivo. Na época entreguei em mãos à direção nacional da campanha Lula Presidente, no comitê central em São Paulo.

Uma plataforma física necessária para lançar essa 'ponte de acesso ao espírito dos trabalhadores' é um meio de comunicação mais constante, cotidiano, motivador que os arcaicos panfleto e jornalzinho do sindicato, mais efetivo e abrangente que a nascente e multipolar internet - uma rádio e uma TV, por exemplo.

Abraço