Hospitais - onde nasce o perigo?

O perigo passeia pelos corredores e quartos dos hospitais, flana no ar, dá-se a mãos sujas, pousa em qualquer lugar. É por ali que o perigo passeia, mas não é ali que ele nasce e cresce. O perigo tem histórico estável e sua cronologia e geografia podem ser facilmente mapeadas. Nos ambientes sociais, ou seja, os criados e geridos pelos homens, o perigo nasce, cresce e se multiplica junto e muito próximo ao dinheiro, a quem podemos chamar de seu papai.

Nesta notícia aqui, ficamos sabendo que o novo diretor de um hospital no Rio de Janeiro, do staff do governador Sérgio Cabral, está sendo ameaçado de morte por descontentes com sua administração iniciada há apenas uma semana. De onde vem o perigo? Não é dos vírus, das balas, das facas, nem das bactérias. Quando uma máquina para realizar exames importantes, que custa centenas de milhares de reais, está parada há meses em uma sala, sem ter nunca sido usada, isto significa o seguinte: o importante não era o diagnóstico das doenças e a cura dos doentes, o importante era a comissão surrupiada na compra do equipamento. Assim funciona também com todo o material e remédios usados nos hospitais. E mais que isso: depois de comprados, já tendo sido o patrimônio público sangrado à exangue exaustão durante a aquisição dos materiais, equipamentos e remédios, estes continuam servindo dentro dos hospitais de alimento à matilha de carniceiros que destrincham, carregam e vendem esses materiais a clínicas particulares. Quem quiser saber onde é a maternidade do perigo nos hospitais, em todos os hospitais, procure no almoxarifado e no departamento de compras. E em muitos casos ele, o perigo, já é nascido há tempos, crescido, melhorou de mortes e está bem acomodado na sala da diretoria.

Comentários

Anônimo disse…
Palmas, muitas palmas, sr. Jean Scharlau! Textaço! Bom de deveras. E poético, apesar dó terrível modus operandi que revela. Em tempo: olha a música que compus pra ti: Eh, meu amigo Jeanscha. Eh, meu amigo Jean Scharlau. Jean Scharlau, Jean Scharlau. (ouvir com a melodia de Meu Amigo Charlie Brown). Gostaste?
Jean Scharlau disse…
Marconi, eu tenho poucos leitores, mas o que compensa e me horra é que eles todos são ótimos literatos, e os que não são ótimos literatos, são excelentes letristas. E vice-versa.
Anônimo disse…
Descoberto plano para matar Côrtes
JB, 14/01/07

Agentes da Coordenadoria de Operações Especiais (Core) passaram a reforçar a segurança particular do secretário estadual de Sáude, Sérgio Côrtes, desde sexta-feira. Interceptações telefônicas da Susecretaria Estadual de Inteligência constataram que existe um plano para matar Côrtes. As investigações mostraram que o esquema seria organizado por um grupo de pessoas insatisfeitas com as mudanças na área de saúde depois da posse do novo governo.

As escutas mostraram que a execução aconteceria na terça-feira passada, mas foi suspensa porque o secretário passou o dia acompanhado do comandante da Polícia Militar, coronel Ubiratan Angelo, e do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.

- Estou preocupado por se tratar de eliminação e não intimidação - desabafou Côrtes. - Mas quem fala sobre isso é o secretário Beltrame.

Em 2002, Côrtes recebeu ameaças de morte ao fazer auditoria financeira no Instituto de Traumato-Ortopedia (Into).