Para a revolução permanente, movimento, movimento!

Ontem participei de uma carreata do PT, coligados, apoiadores e simpatizantes em Sapucaia do Sul - caramba, que festa! Vários caminhões, alguns com as carrocerias cheias, floridas de vermelhos cataventos e quixotes. Também nos carros e motos – todos rocinantes – sanchos, dulcinéias, agora também cavaleiros e cavaleiras andantes. E que fuzarca! E que barulho! Nenhuma triste figura, desde que descobrimos que os moinhos não são os inimigos, mas os que deles se adonam sem pagar-nos as justas côdeas por tê-los construído, os mesmos que roubam os NOSSOS moinhos, como se fossem nada e os distribuem aos comparsas. Voltemos à carreata, pois a revolução permanente não pode parar.

A carreata - mais de cem carros, caminhões, motos, e até algumas bicicletas - fez afoguear-se de encarnada alegria a amarela tarde dominical de Sapucaia. Quisera que tivesse durado mais, quisera toda a tarde, até a noitinha, para andar pelas ruas, para desfilar nossos estandartes, mas alguém já havia planejado o encerramento das atividades, e ficou parecendo que todos tinham algo melhor a fazer no resto da tarde. Uma pena, porque o melhor que poderíamos ter feito era continuar o desfile da nossa escolha. Só os inícios das carreatas, das passeatas, deveriam ser planejados com antecedência – o encerramento sempre deveria ser decidido durante o percurso, e nunca enquanto houver 13 dispostos a seguir adiante.

Hoje temos comício no Largo Glênio Peres* (em frente ao Mercado Público) às 5 da tarde. Será mais uma tarde de primavera, resgatada do recente passado, inverno renitente, cinza, pernóstico, dos conformados, dos puxa-sacos, dos preconceituosos, enfim, daqueles que constroem o frio, a escuridão, o medo, que combatem os quixotes, os sanchos, as dulcinéias, seqüestram o futuro, para receber parte no butim dos que se adonaram dos moinhos.

*Glênio Peres foi um grande cara, era do PDT e, concorrendo a vice, emprestou seu prestígio a Collares que, eleito, sequer lhe deu uma sala na prefeitura de Porto Alegre. Foi o PT, na administração municipal de Olívio, que lhe prestou uma justa homenagem, dando o seu nome a um dos mais importantes espaços públicos de Porto Alegre.

Agora um poema de Fernando Pessoa, que o escreveu sob o pseudônimo de Álvaro da Silva Campos (ou teria sido Alberto Lula Caeiro?)

Poema em linha reta
Fernando Antônio Luiz Inácio Pessoa

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado, [...]

(Siga lendo o poema no Releituras. Eu sei o risco que corro: se leres este poema como se já o tivesses escrito em ti, entenderás o que é dito e serás solidário a Fernando, a Silva, ao homem, enfim, por outro lado, se leres o poema como se Lula o tivesse escrito, chamarás as redes de televisão, as espadas de jornal, os tiros de locução e exigirás o empichamento do quixote, a perfuração de sua ancha pança, o encarceramento de sua dulce néia! E por quê? Porque passaste a acreditar, aos pés das letras impressas, que os moinhos é que são os inimigos.)

Agora levemos nosso querer ao encontro dos outros, envoltos em consciente alegria - Largo Glênio Peres, daqui a uma hora. Até já. Estarei com uma das maiores bandeiras.

Comentários

Anônimo disse…
Passeata pelas ruas da cidade? Isso não é fashion. Os tucanos se reuniram num clube chique em SP, pedindo decência na vida pública. A quadrilha toda estava lá: Alckmin, FHC, Tasso. Quase morri de tanto rir.
Anônimo disse…
E o energúmeno do TSE? Resolveu pedir explicações a Lula, dentro de cinco dias, por conta do tal dossiê. Piada!