Enquanto eu mesmo faço

Enquanto eu mesmo faço, venho contando minhas contas e contos, que não são de reis, nem super-heróicos - um ou outro astronauta marciano, um verme fundador de nova civilização, uma barata que um dia acordou transformada em homem - e o medo: serei eu algum deles? Ou sou apenas todos e posso dormir tranqüilo?

Mas eu falava ali em baixo da infância invadida e dominada pelas imagens fabricadas Vida Pronta que trazem big dose de conceitos vitaminados conservantes flavorizantes acidulantes corantes cerebrais cientificamente balanceados para compor ração razão animal (crescimento, postura, corte). Nasça, Baby Boom, cresça comendo Tom e Jerry, Pokemon, Superman e serás duro de matar e terás sempre farta ração para engolir wall street na carne de nativos distraídos e lembre-se: - sempre!, sempre poderás ligar a TV e desligar o mundo. E verás que futebol é muito melhor de assistir que jogar.

Como este também é um serviço de utilidade pública alertamos que fora da imagem digital há perda de super-poderes e que não convém dirigir ou portar arma de fogo logo após a ingestão de duas ou mais porções de faz de contas feitas.

Comentários

Anônimo disse…
Não se preocupe, Jeanscha. Tudo isso será resolvido, quando o Capitão América vier para salvar todos nós. Em tempo: escrevi por lá um post sobre o teu amigo FHC.
Anônimo disse…
Jean:
Um negócio que acho legal aqui em Floripa (onde estou passando uma longa temporada), observando meu sobrinho-neto e seus amiguinhos: a gurizada é lçigada em videogame e desenhos, mas não abre mão das brincadeiras de ruas, como soltar pandorga e pião, jogar futebol e bloinha de gude, andar de bicicleta e skate...Só uma coisa me preocupa: a leitura (mesmo de revistas em quadrinhos) ainda não tem espaço nesse universo. E, como sabemos, é de pequeno que se adquire este saudável hábito. Apocalíptico como sou, vejo aí a fonte de uma possível alienação das novas gerações para com as questôes sociais e políticas do Brasil e da humanidade. Mas é bem possível que esta seja apenas uma avaliação prematura de um velho ranzinza (Pô, deixa a gurizada brincar, me diz uma vozinha interior).
Um abraço.