Política, casamento, infidelidade

Feliz, num casamento de muitos e prolíficos anos, repentinamente o distinto senhor, ou senhora, descobre que seu cônjuge está a colocar-lhe um nada belo par de guampas. A partir daí estabelece-se o conflito e a crise.

Reação 1 = o(a) corneado(a) é tão suscetível, sensível e frágil que não aguenta o golpe e, para evitar o suicídio, opta pela separação, isolamento e abstinência sexual ostensiva. Em política seriam aqueles que praticam e pregam o voto nulo.

Reação 2 = o(a) corneado(a) é também suscetível, sensível e frágil, porém gosta muito de sexo e, sabe-se lá por que softwares psíquicos, passa a sentir atração pelo(a) amante do cônjuge, começa a sentir um certo orgulho diferente e a mudar o guarda-roupas. São poucos os casos. Em política seriam aqueles 5 ex-eleitores de Lula que agora fazem campanha para o PSDB.

Reação 3 = o(a) corneado(a) é sensível, suscetível, frágil e muito impetuoso e parte imediatamente para outra, pega a(o) primeira(o) que aparece, desde que mais feia(o) e braba(o), para garantir menos assédio por parte da concorrência. Na política é o pessoal que, corneado pelo PT, separou-se e casou com o PSOL.

Reação 4 = o(a) corneado(a) é sensível, suscetível e frágil, mas tem um grande coração apaixonado e resolve dar à(o) companheira(o) de tantos anos e a si mesmo(a) o direito de não perder tudo que têm em comum por conta de um grave erro. Muda os parâmetros mas mantém o relacionamento. Esta reação só é adotada quando aquele que errou mantém a grande maioria das qualidades que despertaram a admiração e o amor do cônjuge. É a opção que fizeram os que, nesta eleição, votarão ainda no PT. Como mudaram os parâmetros do relacionamento, a cada eleição todo o relacionamento será reavaliado e o PT terá que redobrar seus esforços para fazer o melhor de que é capaz e dar o melhor de si nestes duros, cinzentos e frios dias.

Comentários

Moita disse…
Jean

Muito interessante o seu artigo.

Tem ainda o corno manso que leva guampas de todo lado, é sacaneado de todas as maneiras e continua junto por interesse próprio e não pelo bem da família.

Não será o caso dos petistas que apoiam Lula pela "sacolinha" que é repassada e não pelo bem da Nação.

Um fraterno abraço.
Roy Frenkiel disse…
Sou dos primeiros, que votam e praticam nulo. Acredito que o problema, Jean, nao eh PT, nem outros (piores) partidos, nem mesmo o fantasioso PSOL, e por ai vai. O problema somos nos, como povo.

Certa vez voce me questionou: 'Acaso nao somos politicos, acaso voce nao escreve politicamente?' Ou algo do genero, ja que eu criticava a 'politica' como um todo. Ainda critico, porque o problema, novamente, nao esta na politica.

Lula e sua prole nao deveriam passar de nossos empregados, bem como FHC, bem como Fernando Collor, Itamar Franco e por ai vai e nem termina. Deveriam trabalhar POR nos e PARA nos. Nao acredito que seja esta a prioridade do SISTEMA atual, nao so no Brasil, como nos EUA, em Israel, e na Conchichina.

Portanto, o dever eh do POVO em assumir suas responsabilidades, nao so por si e pelos seus, mas pelo 'proximo' mais imediato, quanto mais 'proximos' melhores. Alem disso, deveriam aprender a exigir o que lhes eh por direito, e isto nenhuma 'politica', nenhuma sigla, nenhum partido, resolvera por nos. Ou assumimos o 'poder' sobre nossas vidas como cidadaos em qualquer lugar deste mundo, ou o mundo continua como esta.

Voto nulo porque nao confio mesmo no Lula, que ele me perdoe. Nao confio em sua gente, nao confio em seu partido, e isto nao quer dizer que nao seja bem-intencionado, ou que nao seja melhor do que o que ja foi, simplesmente porque nao eh o que precisamos, ainda, muito longe disso, e esse negocio de que as mudan'cas tem de ocorrer devagar, faz mais parte, em minha humilde opiniao, de uma campanha prolongada de enrola'coes.

Fiquei muito contente, por fim, pelo fim das re-elei'coes a partir de 2010.

Abrax afetuoso

RF
Jean Scharlau disse…
Caro Moita, é verdade, tem ainda este tipo, o corno manso, conformado e até convicto de que não há alternativa melhor que a cornice. Na política são os que sempre votaram na Arena depois PDS, agora PP, os que repetidamente votam no PFL e PSDB.

Quanto à "sacolinha", prática escusa, cotidiana e histórica de todos os Ricardões em época de eleições, principalmente no nordeste, sabemos que não foi nem é prática do PT. Verdade é que agora muito Coronel Ricardão está possuído pelo chefe de chifres, porque o programa Família, Bolsa Família, do governo PT + centro, estancou essa vergonhosa, humilhante e extorsiva fonte de votos. Provavelmente a maioria dos que participam do programa sintam-se gratos a Lula por tê-los livrado do Ricardão, incluindo-os no rol de cidadãos desta pátria, com direito a comida 12 meses por ano e não só em época de eleições caso ficassem de quatro para o Coronelzinho da vez.

Grato pela dica, pois acho que isto é algo que merece mais nossa atenção e sobre o que pretendo escrever novamente. Um abração.

Caro Roy, na prática a teoria é outra, como dizíamos lá na Escola Técnica Liberato Salzano, em Novo Hamburgo, onde me formei Técnico em Mecânica Industrial.

Podemos pensar que cada homem tem em si suficiente senso de justiça e que não é preciso outros a decidirem ou agirem por ele. No caso de que um homem não o tenha, podemos confiar que os seus familiares, amigos e conhecidos tenham o suficiente para chamá-lo à razão e ao bom senso, portanto não seriam necessários juízes, advogados, promotores, tribunais, fóruns, varas e o que mais. O povo, por si só, decidiria e aplicaria o que é correto, dispensando todos os intermediários e representantes. Assim, um dia aboliríamos este Poder Judiciário que não nos satisfaz, pois tornar-se-ia totalmente inútil, já que o povo gradativamente não mais recorreria a ele. Aboliremos também o sistema representativo, simplesmente não votando mais, ou, caso da obrigatoriedade, votando nulo. O povo sozinho, no sistema boca a boca, decidiria que leis seriam boas de estabelecer e seguir, que ações e posições deve tomar frente a cada a uma das milhares de demandas diárias, com o que tornar-se-iam inócuos os insatisfatórios poderes Legislativo e Executivo, todo o insatisfatório governo, pois governo já não seria necessário para além dos milhões a virarem seus narizes para onde bem entendessem e isto é o suficiente.

Claro, isto não é o que penso, apenas tentei levar ao extremo o que disseste. Acho que, ao escolher entre vários caminhos, devemos tentar deduzir antes onde cada um vai dar, para escolher o que nos leve aonde queiramos chegar (por isto o exercício que fiz acima). Acho também que é melhor pegar o caminho que nos deixe mais próximos de nosso almejado destino do que deitar à margem e sonhar com a triunfal chegada no próximo século, ou milênio. Acho que devemos construir mudanças para hoje à tarde ainda, e amanhã de manhã, à tarde e à noite. Por isto acredito sim que o melhor, na falta do ideal, é escolher o mais próximo do ideal e, na falta também disto, escolher o menos distante. Abster-se desta escolha e seguir no caminho que os outros escolherem, bem, isto me parece apenas a escolha mais confortável sob vários ângulos, embora não acho que seja o conforto teu objetivo. Numa sociedade altamente complexa e historicamente organizada, nada mudará simplesmente porque alguém viu que algo seria melhor se fosse diferente. É preciso qualificar-se e inserir-se para intervir. É o que os petistas fizeram nos últimos 25 anos e continuam a fazer. Ainda não chegamos ao ideal, mas estamos bem mais próximos.

Grato pelo comentário e argumentação, estimulantes cerebrais. Abração.
Roy Frenkiel disse…
Bom, nao discordo, mas acho que talvez tenha sido mal-compreendido... Sim, 'power to the people', mas nao eh a isso que me refiro. Refiro-me ao fato de que nos, como povo, nao sabemos utilizar o Judiciario, nao sabemos utilizar o que nos temos direito, como cidadaos dentro deste contexto governamental, e nos esquecemos de nosso papel.

Sinceramente, Jean, nao acredito que nos sejamos qualificados para absolutamente nada atualmente, alias, meu argumento eh que, como povo, o brasileiro nao se qualifica nem a ser governado. E isto eh triste.

Quem culpa o 'tucanismo', quem tem a audacia de dizer que este eh o pior governo (tanta gente, mas isto nem tem logica), quem aponta o 'la de cima' esta, novamente, retirando o proprio anus da reta.

Quanto a este ser o mais proximo ao ideal que encontramos, concordo. Nao a toa, eu nao diria que concordasse antes de ter acompanhado voce, o Moita, o Jens, a Brisa, e os demais jornalistas linkados ou nao ao meu blog. No entanto, o motivo de votar nulo eh ainda mais complicado, ao meu modo de ver, do que votar por algum dos presentes. Caso a maioria votasse nulo (corrija-me se estiver errado, por favor, falo do que ou'co), nao eh que trocariam os candidatos? Pois entao. O que eu acredito eh que o poder eh um vicio, Jean, e nosso sistema (quando me referi ao sistema nao quero que troquem o que temos pela 'anarquia' de Bakunin) favorece ao poder, seja ele politico ou monetario. So isso. Acho que teriam de sentir, estes que nos governam, mesmo o proprio Lula e seu PT, que nos nao somos trouxas, e que se bobear, cai. Mas, eles nao sentem isto, sentem-se razoavelmente seguros, e portanto, acho que 'muito mais proximo' eh desproporcional a realidade. Ha coisas que acontecem no Brasil que sao simplesmente inaceitaveis, ao meu modo de ver, e que nao precisariamos esperar mais 25 anos para ver mudado. Nao que o nulo traga isto, mas eh o que eu desejo que ocorresse.

pronto, nao te encho mais, rs, mais pontos de vista cada qual com sua postagem, e eu discuto porque gosto daqui, do que voce sugere e escreve, apenas, se nao gostasse, nao discutiria ;-)

abrax final, pur inqua

RF
Serjão disse…
Meu amigo...
Se eu já tinha motivos para sacanear os petistas vc me deu mais um.
Quando o Leonardo Boff escreveu aquele artigo (http://www.senado.gov.br/web/senador/tiaovian/atuacao/discursos/2005/Discurso_03102005.htm) estava se referindo a esse tipo de situação?

Estou decepcionado. Pelo que reza a lenda o Gaúcho mata a mulher e o amante. Quem mata apenas a mulher é o mineiro. O carioca troca a mulher. E o paulista faz música sertaneja.

Mas falando sério, eu creio que existem coisas na vida inegociáveis. Traição conjugal é uma delas. Decepção moral é outra.

Um abração
Anônimo disse…
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Anônimo disse…
E como é que fica a Reação 5: "dar um tempo/um dia a gente se vê" "e podemos see amigos, simplesmente", já que um divórcio seria muito custoso( e embaraçoso, depois de tantos anos de confiança na fidelidade do(a) parceiro(a)) e aceitar a corneada seria contrariar a essência do "latin lover"? Um abraço e grato pela visita a meu blog.
Anônimo disse…
Jean, meu querido, muito bom, excelente.
Creio que me enquadrei em alguns desses tipos, não sei ainda.

Quanto a mudar parâmetros, ai, ai, é muito difícil.

Beijos e saudades.