Os anos JK - documentário de Sílvio Tendler

Acabei de assisti-lo no Canal Brasil, tv paga. Feito em 1980, mostra imagens e narra a trajetória política de JK entre 1945 e sua morte nos anos 70 (morte provavelmente planejada e executada pela CIA e macacada brazileira, segundo Décio Freitas) . O JK visionário só funciona quando ele mesmo é o realizador de suas visões. Errou quando apoiou a UDN para sucedê-lo, ele que era do PSD, e levou Jânio à presidência, o palhaço Vassourinha, que iria varer a corrupção do Brasil, mas resolveu partir antes em sua vassoura, doidaço de uísque. JK se deu mal também quando posicionou-se e ao PSD em favor de Castelo Branco em vez de Gaspar Dutra, para assumir a presidência em abril de 64. Os dois posicionamentos foram com vistas a facilitar a sua volta à presidência em 1965. Errou feio, muito feio.

Olhando o filme me dei conta de que tem muita gente na esquerda puta da vida porque Lula não é um Jango, porque o país não parou em milhares de greves, não fez auditorias e revisões e revanches, porque Lula não afrontou o grande capital, mais o grande latifúndio, mais o poder judiciário, mais o poder legislativo, mais o poder da mídia, mas negociou - estão putos porque Lula não ficou contra todos e não foi honrosamente deposto. Acho Lula mais parecido com JK, no período em que estava no governo - um grande negociador, um grande conciliador, um grande realizador, e com uma vantagem sobre JK: agora é possível a reeleição e ele, se reeleito, poderá construir sua visão de Brasil, apesar de todos os outros poderes dando contra.

Assisti antes um vídeo onde meu virtual amigo Edu Goldenberg fura em rede nacional o bloqueio da Globo a Brizola em 2.000. São alguns segundos que nos trazem horas de alegria. Assista aqui no seu buteco.

Comentários

Anônimo disse…
Cheguei à conclusão de que é muito mais gostoso ser petista do que ser qualquer outra coisa, incluindo coisa nenhuma. Vamos ver. Se o sujeito é petista depois de tudo o que se sabe do PT, é sinal de que não dá bola para essa conversa de ética da política, coerência ou coisa parecida. Sempre que for confrontado com alguma safadeza, basta-lhe responder que outros fazem ainda pior, seja ou não verdade. Mas deve ser bom ser petista não só por isso. Luiz Ignorácio Lula da Silva foi hoje a um comício em Osaco, terra do mensaleiro João Paulo, que estava no palanque. O Babalorixá de Banânia não pronunciou seu nome nem ficou a seu lado para um documento fotográfico. Os cabos eleitorais gritavam o nome do homem, e Lula disse que quem era tão querido não teria dificuldades para se eleger. Pronto. Estava feita a coisa. Aí Lula resolveu atacar José Serra de uma forma vil. Aproveitando-se de um leitura torpe que o próprio jornalismo ajudou a fabricar, acusou, indiretamente, o tucano de ir “para a TV vomitar preconceito contra o povo nordestino que tanto ajudou a construir São Paulo”. Vejam só a linguagem. É mentira. Ocorre que, se a verdade fizesse diferença para Lula, ele já teria renunciado, não é? Por que, então, é bom ser petista? Porque os líderes do partido não deixam seus simpatizantes carentes de palavras de ordem e de um pouco de sangue. Imaginem a chateação do eleitorado tucano. Há fitas em que lideranças do PCC ordenam duas coisas: descarregar votos no PT e assassinar políticos do PSDB. Mas, vocês sabem, os tucanos não gostam de baixaria, e, por isso, o material não vai parar no horário eleitoral. Sabem esses filme B em que o soldado raso se orgulha da coragem de seu comandante? Pois é. Os tucanos deveriam assistir e extrair dali algumas lições. O lulismo continua muito forte e ainda acaba se transformando numa categoria política porque o Apedeuta fornece à sua tropa de choque a ração diária de ódio para que alguém continue a ser um petista legítimo.

Em : "Lula e a ração diária de ódio à sua tropa" de Reinaldo Azevedo
Anônimo disse…
Caro amigo, eu gostava mesmo de JK, sério. Entretanto, não adianta, os sonhos de mudar o mundo jamais permanecem quando se entra na sala do diabo. Ideologias se vão e resta a pele oca daquilo que você achava ser. Quem entra para mudar com "eles" o Brasil será mudado por "eles". Essa é a regra. Mas, por um momento, acreditei em estrelas.

Abraços,
Angel Cabeza
www.angelcesar.zip.net
Anônimo disse…
Caro amigo, eu gostava mesmo de JK, sério. Entretanto, não adianta, os sonhos de mudar o mundo jamais permanecem quando se entra na sala do diabo. Ideologias se esvaem e resta-nos a pele oca daquilo que achávamos ser. Quem entra para mudar com "eles" o Brasil será mudado por "eles". Essa é a regra. Mas, por um momento, acreditei em estrelas.

Abraços,
Angel Cabeza
www.angelcesar.zip.net
Roy Frenkiel disse…
Espero muitissimo que tu tenhas razao, Jean, novamente.

abrax

RF
Anônimo disse…
Jean: os doutores da direita, que gostam de se auto-intitular liberais ou sociais democratas, também têm urticária cada vez que cada vez que pronunciam o nome de Lula, e rangem os dentes de ódio pelo operário ter frustado suas expectativas catastróficas e não ter conduzido país para o caos econômicos e social.
Um recado para o comentarista não identificado: o bom de ser petista é também não se esconder no anonimato e defender suas idéias de peito aberto.
Um abraço :-)
Anônimo disse…
Concordo plenamente contigo no que diz respeito a Lula, Jean. Só tenho medo do PMDB num segundo governo.
Serjão disse…
Depois de seis anos eu soube a explicação para o episódio da entrevistra. Juro que eu pensei que fosse ao contrário. Um cara dando aquele recado político fora de hora num evento musical estaria mais para queimar o filme do citado do que ajudá-lo. Ainda mais se tratando de um desgastado como Brizola. Bom... Pelo menos está explicado. Mas a deixa foi boa. O cara foi esperto. Pena que ninguém viu. Aquele festival foi um fracasso