A vida é o máximo!

A vida é o máximo! A VIDA É O MÁXIMO ! = Jean Scharlau

As melhores coisas que eu já obtive na vida foi me divertindo. Minhas grandes realizações e o que está para sempre gravado em minha memória genética, enquanto vida prosseguir, isto tudo foi uma grande curtição. Foi também a história da superação da dor, do medo, do ódio. Minhas namoradas, minhas mulheres, minhas quatro filhas, amigos, sonhos, meu livro, meus dois bares,
conversas, fotos, idéias, que foram e me levaram à comunicação e ao trânsito mais liberado no mundo vivo. Só quando em função de ganhar dinheiro é que a vida ficou chata, ou melhor, fiquei chato para a vida.

Viver é criar, tornar duradouros e repetir os prazerosos momentos. Para isto é que andamos também atrás de dinheiro. Só que as atividades perseguidoras de dinheiro costumam ser tão abstratas que logo nos abstraem e depois nos traem. Desde que permitamos, é claro. Mas tendemos a ser permissivos com a nossa vida, nós que sabemos que a muitos prazeres basta permitir-se, e isto, neste caso, é um problema. Porque tem muitos caras atualmente (psicólogos e o escambau) estudando maneiras de tornar prazerosa para os viventes a alienação servil e safada em busca dos pilas. Mas até hoje não apareceu um que a conseguisse tornar boa como as coisas verdadeiras. Fica sempre o gosto de prostituição.

O cara no início da vida já sabe as verdades todas de que precisa. Elas já estão gravadas no íntimo do íntimo de cada uma de suas células pela experiência, principalmente a prazerosamente vivida, dos seus ancestrais e genitores (gostaram desta?)(Aliás, concordando com Fausto Wolff no que diz no prefácio das suas 1001 Noites, o qual tive o privilégio de ler, e com alguns estudiosos de parapsicologia). Pois a vida deste sujeito de sua própria vida está, em vista disto, bem facilitada. O seu grande trabalho será confirmar, potencializar e aproveitar todas estas verdades acumuladas em si mesmo, para bem gozar esta sua vida em conjunto com a dos outros que, ele e todos sabem, estão na mesma vantajosa hereditária situação. Esta é a matemática poética das espécies, que podemos aprender a partir de Darwin: a seleção natural premia os mais aptos com a sobrevivência. Só que este conhecimento não começou a existir a partir de Darwin. Darwin apenas tomou conciência dele e o enunciou. Todo indivíduo, desde o princípio de todas as espécies já sabia disto. Esta verdade sempre foi a constituição dos átomos das células de cada indivíduo de cada espécie.

E mais. A partir daí (e talvez agora eu esteja indo além de onde foi Darwin – o pequeno conhecimento que vergonhosamente tenho de sua obra me impede de confirmar ou falsear o ineditismo ou a reinvenção da roda do que direi). A partir daí, repito, podemos concluir que esta transmissão genética das habilidades havidas nas bem sucedidas experiências de cada indivíduo, que reproduz-se sempre dentro de uma mesma espécie e tem conhecimento disto, passa também a todos os indivíduos esta consciência de ser espécie e a noção também de que, em havendo competição entre duas ou mais espécies, será a espécie mais apta a que sobreviverá. Estou dizendo que há uma sabedoria nas espécies que as identifica como unidade frente às outras e lhes dá, a todo o conjunto, a mesma ciência molecular dada aos indivíduos de que só os mais aptos sobreviverão. Então digo que as espécies também têm uma ciência coletiva de que precisam melhor se adaptar para sobreviver, para supraviver em seus descendentes. Se Darwin ou alguém que ignoro já disse isto, eu aplaudo e repito.

Agora deixemos a ciência consciente para ir um pouco para o lado da inconsciência ciente, pelo menos de si. A vida é muito curta, como freqüentemente chegamos a nos cansar de constatar. A velhice vem certamente para que abandonemos a vida sem tanto pesar. Caso não degenerássemos fisicamente seria um sofrimento quase inaceitável morrer e ver morrer quem amamos e a competição dos mais antigos com os mais novos suprimiria invariavelmente os novos, pelas habilidades desenvolvidas pelos antigos. Isto porque, estando assegurada a sobrevivência da espécie, não nos importamos de eliminar milhões ou bilhões de indivíduos, como bem o comprova nossa história. Então, benditas a velhice e a morte natural, que nos suprime como indivíduos e nos renova como espécie. Bendita a transmissão genética, tão gostosa, que permite às nossas prazerosas conquistas e comprovadas verdades subsistirem e frutificarem em nossos filhos. E nos filhos dos que aprenderam conosco. Salve, Humanidade! Que teus dias vindouros sejam melhores, mais tranqüilos, mais prazerosos, mais felizes. Que a nossa existência contribua para esta bem-aventurança.

Mas há uma horda de desgraçados que perderam a si mesmos, a noção disto e a todos que poderiam amar no caminho. Estes estão loucos e não sabem mais o motivo porque vivem. Perderam-se a si e em si mesmos e à ciência de que fazem parte de um todo que deve ser imperturbável. Estes são os que já não sabem mais que cada um de nós somos todos nós. Estes imbecis acham-se outros, diferentes. Perdidos em voracidade perderam também a noção do todo e sempre que isto acontece é como um velho que não envelhecesse: começa a pensar que pode viver eternamente (vejam como somos burros em termos de pensamentos) e começasse a matar os outros menos poderosos, que ele imaginasse ameaçarem a sua supervida (supervida que ele também imagina e deseja, tão somente – um masturbador). Certamente estes desgraçados e desgraçantes possuem aviões, navios, hotéis, bancos, televisões. Mas não passam seus códigos genéticos. Ou os passam mirradamente em comparação com todos os outros que eles desprezam e subjugam. Vejam a ironia: em termos de espécie, quem dá as cartas genéticas são os pobres. São eles que estão dando a massiva letra.

E não são eles, os pobres, que têm a melhor ciência do sobreviver? Não seriam mesmo eles os que têm maior quantidade do parco prazer nas condições mais adversas? Na Itália o governo está pagando para que os cidadãos tenham filhos. No Brasil ratos devoram recém-nascidos. Pais e mães em todo o mundo matam os recém-nascidos muito mais antes de nascerem. Isto é tudo o mesmo assunto mas é muito assunto. Vou deixar por aqui.

Agora, eu gostaria de dizer uma idéia para encerrar este texto que fizesse uma continuidade proveitosa de pensamento e sentimento, como se estivéssemos lidando com algo genético, o que de fato estamos e é o conhecimento. Eu gostaria de dizer algo prazeroso para nossas vidas neste exato momento, porque eu sei que isto fica. O prazer tem tudo a ver com a vida e a vida tem tudo a ver com a sua propagação e continuidade, que tem tudo a ver com prazer e isto é genético, é primordial, é inalterável, é profundamente, animalmente humano e verdadeiro. O prazer somos nós, meus irmãozinhos e irmãzinhas. O prazer está registrado em nós como origem e objetivo. E o maior prazer, o prazer de todos os prazeres, é o amor. Amem.

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