Nós e a Fome - em Cinemascope

É o horror, não é mesmo Silvio? E o horror que sentimos vem menos de nossa relativa impotência e mais de nossa relacionada quase total indiferença prática, como se a população (olhe os termos indiferentes), as pessoas (melhorou um pouco) para além das grades de nossos condomínios, físicos, de interesses, de sentimentos, fossem hordas de seres em tudo estranhos, em tudo incômodos, portanto em tudo desinteressantes, portanto em tudo esquecidos, portanto preferencialmente ignorados, portanto invariavelmente evitados. Costumamos fazer da distância até as misérias mais próximas um intransponível gelado escaldante deserto, e do lado de cá acenamos nossas bandeiras, enviando-lhes sinais de pacificação e consolo - sinais que somente nós entendemos e somente a nós confortam, como a droga de uma droga, que nos faz esquecer que é a aproximação, que a ação bem próxima é o indispensável para o resgate, também da nossa mais preciosa parcela de humanidade.

O amor Será amar

O meu amor, dei-o todo a mim /
Dono então de todo o meu amor /
Fiz-me avaro protetor, investi /
De tão cuidado, aplicado amor /
Em quase nada me retribuí.

Comentários

Saramar disse…
Jean, boa noite
Fiquei muito lisonjeada com sua visita. E, agora, vejo aqui os versos que complementariam de forma perfeita o meu pobre poema. Então fiquei vaidosíssima.
Obrigada
Por favor, volte sempre.
Beijos
SV disse…
Jean, que surpresa!

Poesia cabe em todo lugar.

Repita sempre!
Santa disse…
Jean, vc está me saindo melhor do que a encomenda...rs. Abraços.