

Histórias de pescarias, caçadas, tropeadas, mas principalmente política. A trabalheira, a sujeira - as traições, as manhas, as falcatruas da política no Brasil, que ele descreve tim por tintim nos empenhos de um deputado em uma eleição para prefeito de um novo município com menos de 1000 eleitores. Narrativa boa, na 'língua' falada lá nos grotões de Minas, sem chatices nem pedantismos. Indicação certeira.
Comentário meu a um interessante artigo: "Importante e amplo este assunto, Cristóvão. Acho que um dos fatores fundamentais que engendraram a regra "o gozo aqui e agora seja por que meios for" é a desvalorização das estruturas sociais tradicionais, sem nada que as substitua, principalmente a desvalorização da estrutura familiar (com pai, mãe, tios, avós, primos, irmãos) que oferecia dois pilares à coesão social: a hierarquia, que sempre estabelece e faz cumprir regras, e a afetividade, que consolida a estrutura e a hierarquia e também dá a compensação - o sentimento de conforto, o qual por sua vez faz querer ser e estar ali. Na situação atual de frágeis, tênues e esparsos laços familiares, a criança, o adolescente, creio, tende a sentir-se jogado ao acaso ali naquele mundo cruel, indiferente, hedonista, falso e, sem linhas onde afirmar-se, reúne-se ao acaso das suas percepções e sentimentos nessas "neotribos", sejam as de aficcionados por jogos eletrônicos, as da internet, das academias, dos bailes funk, dos trios elétricos, do crime, das patricinhas, das igrejas universais, essas bizarras e violentas de classes médias (de que tratas no artigo), etc. Parece-me então que a principal "exclusão do sistema-mundo" que dá origem a essa "legião multitudinária" é a exclusão dos indivíduos da estrutura familiar coesa, sem nada que adequada e efetivamente a substitua. Assim, milhões de individuos jovens são lançados todo ano no vácuo dos idiotas e nocivos fetichismos e práticas neocapitalistas. Como não queremos ou não podemos mais ter a estrutura familiar tradicional, é urgente estudarmos e nos dedicarmos a criar outras formas viáveis, substitutivas e compensadoras de organização social, e isto deve ser atenção prioritária da sociedade civil organizada e institucional e ação urgente do Estado (e não do mercado). Um abraço. Jean Scharlau.
Comentários
PS: Mariana, minha filha, vai ser a segunda a concluir a faculdade (jornalismo também, uma maldição de família). Acho que não estou fazendo feio. O velho, esteja onde estiver, deve estar contente.
O Cristóvão está na minha lista de virtuais amigos aí à direita, onde publica suas opiniões sempre interessantes e inteligentes. E continua interessado em poesia.
Araken Vas Galvão