A queda da audiência da Globo, RBS, Record, SBT e caterva - uma explicação, um enunciado e outras coisas.

Não é por divergência filosófica ou política que não as assisto, mas porque esses programas de TV se dirigem ao telespectador como a um idiota. Poderia se argumentar que caso eu saiba ou pense saber que não sou idiota, então tudo bem, isso não deveria me atingir. Aí é que o distinto e a divina se enganam, pois quando me falam como a um idiota fico com a impressão de que assim o fazem porque são idiotas, então construo a minha contra-argumentação e resposta mental (sim, eu sempre faço isso) necessariamente como se me dirigisse a  idiotas. Para consegui-lo eu me inclino (e provavelmente o objetivo deles seja esse)  a raciocinar em termos idiotas, visando me adaptar ao nível do interlocutor, para que esse pudesse me entender, caso me ouvisse (sei que não posso dialogar ou responder através da TV, mas o processo mental é praticamente automático, uma tendência que tenho a reagir a estímulo e estabelecer um mínimo de empatia, coisa que me parece necessária para a mútua compreensão). Daí ocorre esse nivelamento por baixo, ao assistir a TV comercial. Procuro evitá-la, portanto, com o mesmo empenho com que procuro evitar conversas e convivência próxima com idiotas. 

Sobre isto, e sobre o oposto disto, outro dia conversando com um amigo,  o Araken Vaz Galvão (a quem dedico  meu mais sonoro - fala, Galvão! em oposição àquele outro, televisivo) eu enunciei e obtive sua aprovação e incentivo para que a desenvolvesse,  uma constatação quase matemática, que é a seguinte: a qualidade intelectual da conversa será diretamente  proporcional à expressa capacidade intelectual dos interlocutores (em condições ideais de interesse recíproco e simultâneo pela conversa).

Sei que enunciado assim pode parecer uma obviedade, considere porém que o óbvio muitas vezes pode ser muito difícil de ser notado ou, por outro ângulo, que as coisas mais simples e óbvias, como a força da gravidade, precisaram de enunciados para ser devidamente compreendidas, e aceitas.  Ou ainda que depois de explicadas, algumas coisas parecem extremamente fáceis de ser entendidas, óbvias portanto. Ah, desculpe, já estava esquecendo que esta tela à minha frente não é uma TV.

O que disse até aqui afirma e explica a queda da minha audiência às TVs comerciais (há muitos e muitos anos), mas acho que a queda ampla, geral e irrestrita da audiência a essas corporações dá-se e dar-se-á também por este mesmo motivo, e que me parece ser o melhor. A internet  agora é a máquina deste carro, a alternativa  onde se encontra interlocutores ao nosso nível mental e superiores, com possibilidade real de diálogo, com audiência ampliada para as nossas falas, que são também avaliadas democraticamente pelo mesmo critério, o da qualidade. O velho enunciado "dize-me com quem andas e te direi quem és" continua valendo aqui, com o ganho adicional de que aqui podemos conhecer e escolher melhor aqueles com quem andamos, para melhor saber quem somos.

Comentários

truta disse…
Pior de tudo é saber que o que foi mencionado e veridico, é sabermos que as outras emissoras são piores que a globo(tanta na falacia como na perssuassão), sem falar nos comentaristas (neto da band por exemplo) que só falam por que tem boca.