Para a Crusius que o Rio Grande carrega nas costas e toda a sua laia, uma...

Banana Split

Aos que devoram o mundo
tranquilos, como se comessem
uma banana split;
aos que usam as assembléias
como balcão de negócios,
na esperança de vender
seu estoque de bombas;
aos banqueiros internacionais,
pressurosos em atender
os mendigos de Estado,
em troca de pequenas concessões;
aos que plantam suas máquinas
em terras estrangeiras,
para espremer os frutos,
o solo e as gentes;
àqueles que falam doce
e mandam seus missionários
catequizar os gentios
com hinos de dúbia letra;
aos amantes da ciência,
magos e feiticeiros,
hábeis em curar moléstias
geradas por eles mesmos;
aos que levam nosso ferro
e areias monazíticas
e nos devolvem em troca
o saldo de suas festas;
aos que matam nossa fome
com sacas de feijão podre
e nos afogam a sede
num mar de refrigerantes;
aos que abrem suas asas
sobre nossas cabeças ocas
e nos fazem aliados
contra o inimigo deles;
enfim, a todos aqueles
que usando de artimanhas
suas artes nos ensinam,
nossa gratidão eterna.
E a promessa de que um dia,
tão logo estejamos prontos,
restituiremos em dobro.

Poema de Eduardo Alves da Costa
publicado na excelente revista Agulha.
Eduardo Alves da Costa é também o autor do belo poema No caminho, com Maiakóvski.

Comentários

Jens disse…
A Veia parece o João Bobo: leva porrada e não cai, com o auxílio pressuroso da mídia gaudéria. Estão rindo. Da nossa cara.
Um abraço.
Al Reiffer disse…
Grato pelo comentário em meu blog. Perfeito este poema. A Yeda merece.