Terça e quarta-feira - 3 e 4 de fevereiro - "A viúva de Cavalcante, a empresária Magda Koenigkan, confirmou ontem que o marido, encontrado morto na terça-feira com indícios de suicídio (com indícios de suicídio!!! Incrível a ZH!), recebeu a proposta de Yeda numa reunião há duas semanas. A governadora esteve em Brasília nos dias 3 e 4.
Conforme Magda, Cavalcante recusou o convite por não querer trabalhar com a atual equipe de Yeda. (Sem acordo, então?)
Magda acredita que o encontro entre o marido e a governadora tenha ocorrido no escritório de representação do Estado na Capital Federal.
Cavalcante havia comentado sobre a conversa também com um amigo de Porto Alegre (quem?). A empresária relembrou que o marido estava nervoso nos últimos dias por conta de um depoimento que supostamente prestaria ao Ministério Público Federal" (MPF). Zero Hora.
Quinta-feira - 12 de fevereiro - "É, a governadora sumiu. Veterano na cobertura da política gaúcha, o repórter Gustavo Motta, em seu comentário de hoje pela manhã na rádio Guaíba, não resistiu: Onde está Wally?, perguntou o experiente jornalista quando comentou a dificuldade de saber o paradeiro da governadora na manhã desta quinta-feira. Motta diz que até tentou, mas não conseguiu descobrir.[...] Nem ao menos um release superficial como os que comentavam (no site oficial do Estado), até alguns dias, os convescotes de Yeda com Cássio Cunha Lima, Gilberto Cassab, Serra e outros aliados políticos." RS Urgente.
Sexta-feira - 13 de fevereiro - O Estado passou duas semanas sem governo. Na última quinta-feira, o paradeiro da governadora era ignorado pelos gaúchos. E ninguém deu explicações sobre o desaparecimento. Mas a mulher é go-ver-na-do-ra! E não está de férias! RS Urgente (Um dos primeiros contatos de Yeda em seu voejamento tucano pelo Brasil foi com Marcelo Cavalcante, prioridade, portanto.)
Por volta das 19h30min, Cavalcante se despediu dos amigos e retornou para a casa de Magda, um imóvel luxuoso no Lago Sul, próximo à Ponte JK. Eles namoravam havia um ano e três meses. No início do ano passado, Cavalcante passou a morar no local com Magda e os dois enteados. Loira e de olhos verdes, Magda é evangélica e o convenceu a se converter à religião. O ex-assessor passou a carregar a Bíblia no carro e escutava canções evangélicas quando dirigia. Zero Hora.
Sábado - 14 de fevereiro - "Segundo relatos de colegas de trabalho, Cavalcante teria telefonado para a mulher, ainda no sábado. Desde então, Cavalcante não voltou mais para casa.Zero Hora.
– Ele estava feliz, dançando. Não comentou sobre qualquer problema. Só estranhei ele ter ficado no bar além do horário em que costumava voltar para casa – relata um amigo.
O deputado estadual Nelson Marchezan Jr. (PSDB) revelou ter recebido uma ligação de Cavalcante no sábado. Os dois tiveram uma animada conversa, na qual o ex-assessor lembrou do tempo em que trabalhou com o pai de Marchezan Jr.
A Polícia Civil ainda investiga onde Cavalcante passou a noite de sábado. Segundo um colega, também assessor parlamentar, era comum ele pernoitar na casa dos pais ou em hotéis quando brigava com a mulher (/namorada).
As suspeitas da polícia são de que ele teria pernoitado nas proximidades do bar, já que voltaria a ser visto na região no final da manhã de domingo. De acordo com o advogado Ricardo Braga, amigo de Cavalcante, o ex-assessor estava no Só Drink’s por volta das 12h30min. Ambos conversaram sobre futebol e a disputa política no PSDB em razão da eleição para o cargo de líder do partido na Câmara.
– Não notei nenhum comportamento estranho, tampouco ele reclamou de alguma coisa – lembra Braga, que permaneceu 20 minutos no local. Zero Hora
Domingo - 15 de fevereiro - A última pessoa a ver Cavalcante com vida foi um amigo que passou pela Ponte JK no domingo à tarde. Por volta das 14h30min o ex-assessor estaria caminhando pelo espaço destinado a pedestres, com uma lata de cerveja na mão. Na ocasião, o carro dele estava estacionado junto à ponte. Cerca de uma hora depois, o mesmo amigo teria retornado mas Cavalcante já havia deixado o local (e o carro? Continuava estacionado junto à ponte? Aparentemente não). Zero Hora
"E no Domingo ele acordou meio baqueado e começou a mandar mensagens que Jesus estava chamando que esse mundo não era dele, era um mundo muito sujo, esta aqui as mensagens que mostrei lá na delegacia. Ai eu fiquei preocupada mesmo chateada com ele, ligue e perguntei o que estava acontecendo, ai ele falou não Jesus está me chamando esse mundo não é para mim, eu não conseguiria viver longe de você. (Estaria ele se referindo à consequência de uma eventual inclusão no programa de proteção a testemunhas? Ou a mulher /namorada havia dado o fora nele? O entrevistador não se interessou por este aspecto fundamental.) Ai falei, mas não é assim, que mensagens bobas, e ele disse que estava inseguro, mas não me pareceu sendo ameaçado. Depois ele (?) telefone, ai eu falei onde você está que eu vou ao seu encontro e ele disse não e desligou o telefone e não atendeu mais. Ai depois ele mandou mensagem dizendo adeus estou indo embora." (Ele ou seu assassino? Talvez um assassino disfarçado de orientador do programa de proteção a testemunhas. Para ingressar nesse programa provavelmente ele devesse se afastar da mulher/namorada e inicialmente fazê-la não procurá-lo.)
Transcrição de entrevista na Rádio Gaúcha com Magda Koenigkan (viúva/namorada de MARCELO CAVALCANTE) feita no dia 27 de fevereiro.
Segunda-feira - 16 de fevereiro - o carro dele, um Toyota Corolla, foi localizado estacionado junto à Ponte Juscelino Kubitscheck, às margens do Lago Paranoá. Zero hora
O veículo estava trancado e, em seu interior, foram encontrados documentos e cartões de crédito de Cavalcante. Apenas o telefone celular do ex-secretário não foi encontrado. Os familiares registraram o desaparecimento de Cavalcante em ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal.
Zero Hora
Na manhã de ontem, a família de Marcelo recebeu as primeiras informações de que o carro do rapaz estaria parado em local proibido da Ponte JK. Como o condutor não foi encontrado, agentes do Detran deixaram uma multa no para-brisa do veículo. (Um dos enteados de Marcelo retirou o veículo com uma chave reserva e o levou para casa. Por isto a polícia, no dia seguinte, foi fazer a perícia no veículo na casa de Magda e dos seus filhos)
Ainda em depoimento à polícia, a família de Marcelo disse não entender o que levou Marcelo a desaparecer de casa. Ele, que era servidor público da Câmara dos Deputados, trabalhava como assessor parlamentar do deputado Carlos Diaz, do PSDB do Rio Grande do Sul. Segundo Magda, o companheiro não tinha qualquer tipo de distúrbio mental ou sofria de depressão. O sogro de Marcelo, Wanderlei, reconheceu que aquele era o corpo do genro.
Para a polícia a morte ainda é um mistério. Para tentar esclarecer os momentos que antecederam o fato, peritos da Polícia Civil solicitaram ao Departamento de Trânsito do DF imagens do sistema de monitoramento da Ponte JK. Segundo a delegada da 10ª DP (Lago Sul), Andiara Rezende, responsável por investigar o caso, as imagens ajudarão a entender o ocorrido. Tribuna do Brasil -
Terça-feira - 17 de fevereiro - O corpo do ex-chefe da Representação do Governo do Rio Grande do Sul em Brasília Marcelo Cavalcante foi encontrado na manhã desta terça-feira no Lago Paranoá, na capital federal. [...]
Segundo informações de peritos que estão no local, o corpo apresenta um hematoma no rosto. A marca pode ter sido causada por uma agressão ou por uma queda. A causa da morte está sendo investigada. Zero Hora
O cadáver estava sendo retirado do lago pela manhã, após ser encontrado às 7h. O tenente Gabriel Mota, dos bombeiros de Brasília, contou que a morte pode ter ocorrido há três dias, isto é, no último sábado. Aparentemente, não havia marcas no corpo, somente um hematoma no rosto. Zero Hora
Vídeo reportagem no local em que foi achado o corpo (aqui o relato do repórter é de que em seu último telefonema Marcelo teria falado que faria uma viagem, e não uma viagem sem volta): A Tarde
(O ex-primeiro marido Carlos Crusius vem imediatamente a público declarar que Marcelo cometeu suicídio e que teria feito isso por causa da oposição que o teria citado injustamente pela Operação Rodin e CPI do Detran - muito suspeito isso. Inclusive porque Yeda Crusius demitiu Marcelo, nem Carlos nem Yeda Crusius compareceram ao enterro do amigão e, como reclamou a viúva/namorada na entrevista à rádio gaúcha, Yeda não decretou luto no Piratini. A carta foi publicada na coluna da porta voz do governo, Rosane de Oliveira, no diário extra-oficial Zero Hora. É uma coisinha a tal carta. Nela fica claro que Crusius tirava Marcelo (e aparentemente os leitores) para gurizinho . Quem conseguiu o linque foi a super dialógica Claudia Cardoso).
Quarta-feira - 18 de fevereiro - Magda, no enterro do marido/namorado, em entrevista:
Zero Hora – A governadora Yeda Crusius convidou seu marido para voltar a trabalhar na representação? Por que ele não aceitou?
Magda Koenigkan – Não era a equipe que ele formou junto com ela, acho que era alguma influência de alguém, não me lembro bem. Zero Hora
(Magda, a namorada viúva, nessa entrevista diz várias vezes que sabe muito, que o Marcelo lhe contava tudo, mas que no momento não lembrava de nada - e principalmente de ninguém, fica evidente. Parece-me uma fala com as manhas comerciais de quem quer estabelecer negociações enquanto valoriza a mercadoria.)
Quinta-feira - 19 de fevereiro - A Polícia Civil de Brasília investigará imagens em novos ângulos da ponte Juscelino Kubitschek para conferir se o ex-representante do governo gaúcho na capital federal aparece em alguma delas. [...] As cenas de câmeras já verificadas pela polícia não mostram qualquer movimentação de Cavalcante no local. Zero Hora
Sexta-feira - 20 de fevereiro - Ouvida pela delegada Andiara Rezende na sexta-feira, Magda não soube precisar onde nem quando Cavalcante iria depor, mas admitiu que o marido vinha recebendo telefonemas sobre o assunto.
[...] A delegada quis saber por que razão a ocorrência de desaparecimento só foi registrada por Magda na segunda-feira (depois de ter sido encontrado o carro abandonado de Marcelo), mais de 48 horas após Cavalcante ter saído de casa. Segundo Andiara, o celular dele poderia ter sido rastreado pelos agentes.
– Ainda no final de semana poderíamos saber em qual quarteirão ele estava. Mas a viúva disse que preferiu esperar porque ele sempre voltava para casa após as brigas do casal.
[...] Até agora, a polícia já sabe que Cavalcante frequentou três bares da Asa Norte e pernoitou na casa de um amigo no sábado. A morte teria ocorrido no domingo à noite.
Dona da revista de eventos sociais Senhoras & Senhores, Magda conversou com o marido na tarde de sábado, mas teria se irritado porque ele estava acompanhado de uma amiga (quem? O que essa amiga tem a dizer?). Os dois teriam se falado pela última vez na tarde de domingo.
[...] O depoimento da viúva estava inicialmente agendado para depois do Carnaval (porque tanta lerdeza, delegada? Seria proposital ou institucional?). Na sexta-feira, porém, ela procurou a 10ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, responsável pelo inquérito que apura a morte do marido, e se propôs a antecipar o depoimento porque pretendia “dar uma sumida” . Ela foi ouvida pela delegada durante cerca de três horas e meia.
(Depois se verá que essa "sumida" de Magda, a namorada viúva, não acontece, pois logo depois do carnaval , quando estava agendado inicialmente seu depoimento, que ela mesma antecipou, aparece dando entrevista para a rádio gaúcha no dia 27, reafirmando-se como testemunha preferencial da mídia, onde não dá nenhuma informação a respeito das pessoas com quem seu marido/namorado estaria tão preocupado e temeroso nos seus últimos dias, conforme disse em entrevista anterior a ZH, mas vem reafirmar as ligações e recados supostamente suicidas dele).
[...] Novos depoimentos serão marcados a partir de amanhã (lerdeza, lerdeza, lerdeza). A delegada espera receber esta semana imagens das câmeras de segurança da Ponte Juscelino Kubitschek, sob a qual o corpo foi localizado. Para Andiara, os indícios coletados até agora seguem apontando para suicídio:
– O quadro é clássico de afogamento. Ele não tinha lesões externas ou sinais de violência. Até mesmo a camisa estava com os botões intactos. (E o hematoma no rosto? Desapareceu dos autos, delegada? Ou a Sra. ainda não leu esta informação? Já que providencialmente, para alguém, não foi feita autópsia.)
[...] Na quinta-feira, o PSOL sustentou que Cavalcante iria depor. Ele seria, segundo a deputada federal Luciana Genro, testemunha num procedimento decorrente da Operação Rodin. A deputada listou nove de um conjunto de 28 denúncias que comporiam o acordo de delação premiada do lobista Lair Ferst. Ele teria, segundo ela, feito o acordo e entregue vídeos e áudios que comprovariam irregularidades na campanha e no governo de Yeda Crusius. Cavalcante apareceria em algumas das cenas e, por isso, teria se tornado testemunha. Zero Hora
Sem data precisa, divulgado no dia 26 de fevereiro [...] Uma fonte da Polícia Federal e uma da Secretaria de Direitos Humanos revelam ao blog que Cavalcante manifestou interesse no Programa de Proteção a Testemunhas do Ministério da Justiça. O ex-assessor do governo Yeda Crusius não chegou a formalizar o pedido, mas pediu informações sobre os procedimentos. Diários de Brasília Luis Hipolito
Sexta-feira - 27 de fevereiro - A Polícia Civil do Distrito Federal irá solicitar à Justiça a quebra do sigilo telefônico dos celulares do ex-representante do governo do Estado em Brasília Marcelo Cavalcante (só agora?). O delegado-adjunto da 10ª DP, Aelio Caracelli (ué, e a delegada?), quer descobrir com quem Cavalcante vinha conversando antes de ser encontrado morto no Lago Paranoá, há 10 dias.
[...] De acordo com Caracelli, relatos obtidos pelos investigadores sustentam que Cavalcante iria depor ao Ministério Público Federal (MPF) no dia 4 de março. A polícia trabalha com informações extraoficiais de que a proteção teria sido oferecida caso ele viesse a utilizar o mecanismo de delação premiada. Felipe Vieira
Marcelo Cavalcante, o ex-assessor da governadora Yeda Crusius encontrado morto em Brasília, estava sob investigação da Polícia Federal. Ele só não foi indiciado no inquérito da Operação Rodin, que investiga fraudes no Detran gaúcho, porque à época gozava de foro privilegiado. Na segunda-feira, o superintendente da PF no RS, Ildo Gasparetto, viaja a Brasília para acompanhar as investigações em torno da morte de Cavalcante. RBS Diários de Brasília -
Sábado - 28 de fevereiro - “Já sabemos que ele (Cavalcante) ligou para a filha, mas queremos saber quais foram as demais ligações recebidas e feitas”, afirma o delegado da 10ª DP, Antônio Cavalheiro (é o terceiro delegado da polícia de Brasília que aparece neste caso. Porquê?), assegurando que um dos focos da investigação é saber o que ocorreu antes da morte do ex-representante. “A polícia não descarta nenhuma hipótese”, acrescentou Cavalheiro, ressaltando que, no final da apuração, o inquérito poderá ser encaminhado para a Polícia Federal, caso haja interesse por causa da Operação Rodin.
Uma das linhas de investigação da Polícia Civil será a análise das imagens de segurança gravadas pelo Detran na entrada da Ponte Juscelino Kubitschek, o que poderá mostrar em que circunstâncias Cavalcante chegou ao local. (como demoram lá em Brasília para conseguir umas gravações de vídeo, não é mesmo? Será o tempo necessário para que as gravações se "auto-destruam" também? E a autópsia, delegado, o Sr. não achou necessário? Exumação nem pensar?) Correio Brasiliense -
"A autópsia que conclua pela morte por afogamento, por seu turno, jamais será prova de suicídio ou de homicídio. No caso do homicídio, por exemplo, seria preciso constatar ferimentos ou hematomas no cadáver ou vestígios (por exemplo, sob as unhas) que indiquem luta corporal prévia. Na ausência destes elementos, pode-se chegar à causa da morte, mas não às condições em que ela se deu (o que torna o homicídio por afogamento um crime de difícil solução).
Digo isto apenas porque no caso da morte do ex-assessor do Governo do Estado, Marcelo Cavalcante, fiquei com a impressão de que a hipótese do suicídio foi muito rapidamente sacramentada pelo discurso oficial. Ele tinha um depoimento marcado no Ministério Público e procurou informações sobre o programa de proteção a testemunhas. Quem busca este tipo de informação está preocupado em manter sua vida, não em abreviá-la. Segundo consta, Marcelo teria dito a sua esposa que estaria indo “para outra vida”. A frase parece definitiva, mas não é. Não se cogitou que o eventual ingresso no programa de proteção a testemunhas pode significar, precisamente, outra vida, inclusive outro nome conferido legalmente ao protegido. Muitas outras hipóteses, além desta, são perfeitamente plausíveis. O que parece faltar aqui são evidências e, ao que tudo indica, a vontade de encontrá-las. Marcos Rolim, hoje, na Zero Hora
Comentários
eu queria entender melhor o sumiço de nossa governadora e o seu regresso à vida pública. É possível obter informações de onde ela andava no domingo à tarde e início da noite. Foi nesse final de semana que estávamos sem governadora?
Ela esteve duas semanas voejando pela tucanagem brasileira e sabe-se lá mais onde, pois dia 12 ninguém sabia informar seu paradeiro. A visita que ela fez ao Marcelo Cavalcante, dia 3 ou 4 em brasília, segundo a viúva, também não foi noticiada oficialmente e nem pela mídia conivente.
Vai para os favoritos e terá chamada no blog.
Abraço!
claudia.
[...]"Cavalcante atuava como assessor parlamentar do deputado federal Claudio Diaz (PSDB). A amigos, confessava guardar mágoa de Yeda."[...]
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1§ion=Pol%EDtica&newsID=a2409321.xml
10. julho 2007
Como acabar com a impunidade dos políticos no Brasil?
No Brasil, os escândalos têm uma função apaziguadora: tão logo um eclode, os outros perdem a atualidade e caem no esgoto do esquecimento. As revelações da Operação Navalha, da Polícia Federal, fazem esmaecer as falcatruas descobertas durante a Operação Hurricane. E nem se mencionem outras, como a Narciso, que desventrou a famosa Daslu. Os envolvidos nesses escândalos respiram aliviados. Espera-se, no entanto, que tão logo passe a fase aguda da investigação sobre a empresa Gautama, o Ministério Público e a Polícia Federal venham a aprofundar suas pesquisas sobre as falcatruas anteriores.
Há casos que começam a se tornar fósseis, como os da evasão de divisas pelo Banestado, calculadas em 30 bilhões de dólares, e os das privatizações. Como se recorda, a transferência ilegal de dinheiro pela ponte entre o Brasil e o Paraguai foi autorizada por uma portaria do Banco Central, de responsabilidade (assumida em depoimento ao Congresso) do Sr. Gustavo Franco, que presidia a instituição no governo do Sr. Fernando Henrique Cardoso. O Sr. Gustavo Franco continua impermeável como uma folha de inhame, e ainda se dá ao luxo de dar conselhos ao governo atual, como se noticiou. O enfant-gâté dos meios tucanos, fiel a seu ideário, recomendou reduzir ainda mais as alíquotas de importação, a fim de valorizar o dólar. Isso significa diminuir ainda mais os empregos no Brasil e criar mais empregos na China.
O Sr. Franco é um dos que saíram do governo para administrar grandes negócios, aqui e no estrangeiro. É interessante registrar que o Estado não paga bem a seus altos tecnocratas, segundo reclamações gerais - mas quase todos se enriquecem tão logo deixam a instituição. Recente livro do jornalista Luis Nassif, não contestado até agora, mostra como os autores do plano real criaram expedientes para seu enriquecimento rápido, mediante o Banco Matrix. Um dos exemplos disso: o Sr. André de Lara Resende, filho de um grande e honrado jornalista, que sempre viveu de seu trabalho, tornou-se multimilionário, e resolveu investir seu dinheiro na criação de cavalos na Inglaterra.
Não podemos, como dizem alguns, retornar ao tempo de Tomé de Souza, quando se inaugurou a corrupção no Brasil, com o provedor-mor Antonio Cardoso de Barros sendo acusado pelo governador-geral de desviar o dinheiro da Coroa para enriquecer-se com os engenhos de açúcar que montou. De qualquer forma, de acordo com a versão mais conhecida, Cardoso de Barros foi devorado pelos caetés, juntamente com o bispo Sardinha, quando voltava para Lisboa. Logo, pagou indiretamente por suas falcatruas. Mas, se não podemos retornar ao século XVI, nada nos impede de retornar, pelo menos, ao governo Collor e, de lá para cá, reexaminar todos os casos conhecidos. Muitos crimes já prescreveram, é certo, mas é importante que saibamos exatamente onde se encontra o dinheiro desviado e o que fazem, hoje, os ladrões.
Como ocorreram, realmente, as privatizações? Como foi possível a um grande banco privado participar da avaliação da Vale do Rio Doce e, em seguida, participar do consórcio comprador do controle acionário da mais importante empresa estatal brasileira? Ainda agora, com desplante, a empresa, privatizada, diz desconhecer o poder do Estado de intervir nos negócios da Vale, sempre que o interesse nacional exigir, negando, assim, valor à golden-share, garantia estabelecida no contrato de transferência das ações do Estado aos compradores. A Vale, vendida por pouco mais de 3 bilhões de reais, está obtendo hoje lucros superiores aos da própria Petrobrás. Se os membros do governo Fernando Henrique, envolvidos no programa de entrega, não lucraram diretamente com o negócio, houve, pelo menos, prodigalidade dos responsáveis. E a prodigalidade com dinheiro público é pior do que a própria corrupção, de acordo com a advertência de Richelieu em seu Testamento Político, porque a corrupção tem limites naturais, e a prodigalidade, não.
Sempre se fala em passar o Brasil a limpo, mas essa providência é adiada, porque são eles, os beneficiários das falcatruas, que controlam o Congresso e a máquina administrativa - e que têm aliados poderosos no Poder Judiciário, como os fatos recentes demonstram. É a demorada impunidade dos grandes criminosos que transforma o povo em carrasco - disse, durante a Revolução Francesa, um ano antes de a guilhotina começar a funcionar para valer, um deputado à Assembléia Nacional, Maximin Isnard. No caso do Brasil, pelo menos até agora, mais do que demorada, a impunidade tem sido permanente.
Para ficar apenas nos escândalos dos últimos 17 anos - a partir do governo Collor - a nação não sabe, até hoje, aonde foi o dinheiro arrecadado pelo tesoureiro Paulo César Farias. Para que a grande roubalheira permanecesse oculta (e oculto o destino das centenas de milhões de dólares) foram assassinados Paulo César e sua amante, e até hoje se encontra inexplicável a morte de sua própria mulher. Itamar Franco conseguiu impedir que a sangria continuasse, mas teve que enfrentar no Congresso, o escândalo dos anões do Orçamento, que vinha de muitas legislaturas passadas. Os anões também ficaram impunes. O único envolvido no caso que cumpriu prisão, José Carlos Alves dos Santos, não estava sendo punido pelo fato de haver obtido propina de dois milhões de dólares (encontrados em seu apartamento), mas pelo fato de haver matado a própria mulher.
Durante o governo de Itamar - e isso é incontestável - fechou-se a sangria. As empreitadas caíram entre 15 e 20% de custo. O Presidente criou uma Comissão neutra de investigações, formada por personalidades de firme reputação, a fim de apurar as denúncias contra o poder executivo. Nos meses em que atuou, a Comissão iniciou a investigação de várias denúncias, envolvendo empreiteiras, parlamentares e funcionários da União. Ao entregar o governo para o Sr. Fernando Henrique, em janeiro de 1995, Itamar passou-lhe o relatório preliminar da Comissão. Ninguém sabe onde se encontra esse relatório, e a Comissão foi extinta, como um dos primeiros atos do novo governo.
Iniciou-se, então, aquilo que podemos qualificar como a corrupção legalizada. O projeto neoliberal, vindo de fora, e alegremente assumido pelo então presidente, impunha várias emendas à Constituição. A primeira delas era a da reeleição, para que houvesse continuidade na entrega da soberania nacional a Washington e na destruição do Estado nacional independente. Em seguida, fazia-se necessária a privatização das grandes empresas estatais, que constituíam a ossatura e os nervos da nação, como estrutura estratégica e base para o desenvolvimento tecnológico. Foi assim que o governo Fernando Henrique entregou todo o sistema de telecomunicações, a indústria química de base e a Vale do Rio Doce. Só não conseguiu destruir totalmente o sistema energético porque, assumindo o governo de Minas, Itamar ameaçou resistir, manu militari, à entrega das usinas instaladas em seu estado.
Os escândalos estão aí. Todos os conhecem, da pasta rosa ao Proer; da doação do Bamerindus, sob intervenção do Banco Central, ao HSBC; do Sivam aos estranhos negócios do Sr. Daniel Dantas; do caso Cacciola à compra de votos para a emenda da reeleição. Arrastam-se, na Justiça, numerosas ações populares contra a venda da Vale do Rio Doce e das empresas de telecomunicações. E o Sr. Fernando Henrique se dá ao desplante de afirmar que não houve roubalheira no processo de privatizações. Por que, então, seu Procurador Geral da República mandou arquivar tudo o que pôde de denúncias contra o governo? Por que ministros do STF, de sua nomeação, se esmeraram em pedir vistas de alguns processos, e não os devolver antes dos prazos de prescrição?Se a gente pensar bem, a sociedade brasileira não está dividida exatamente entre a esquerda e a direita, nem, mesmo, entre ricos e pobres. Está dividida entre os corruptos e corruptores, com seus protetores, de um lado, e os cidadãos, ricos e pobres, conservadores ou não, que trabalham honradamente, do outro.
*Artigo originalmente publicado no site Agência Carta Maior.
Polícia Federal e a Polícia Civil do Distrito Federal investigam um encontro entre o lobista Lair Ferst e a viúva do ex-representante do governo do Estado (RS) em Brasília, Magda Koenigkan.
Eles se encontraram na casa de Magda logo após o enterro de Cavalcante, cujo corpo foi encontrado no dia 17 de fevereiro no Lago Paranoá. A visita ocorreu no final da tarde de 18 de fevereiro. Lair retornou a Porto Alegre na manhã seguinte. O encontro entre Magda e Lair já havia sido relatado à polícia por pelo menos duas pessoas ouvidas no inquérito. Durante reunião ontem com o superintendente da PF no Estado, Ildo Gasparetto, o delegado-adjunto da 10ª DP, Aelio Caracelli, manifestou interesse em interrogar Lair. Ele poderá ouvir o empresário na Capital.
Procurada por Zero Hora, Magda:
– Isso é problema meu e dele.
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