Baita filme. Ao assistir lembrei de outros filmes bons: Táxi Driver, Sérpico, Nascido para matar, Platoon, Apocalypse now. Com a cara do meu amigo Luíz Horácio, o personagem Matias é o único negro na sua turma da faculdade, o que evidencia que a ação ocorre em período pré cotas / ProUni. Uma bobagem do filme é o que mostraram naquele treinamento para o BOPE - coisas pelas quais todo recruta passa ao entrar no Exército Brasileiro. O filme mostra a PM do Rio como criminosa, corrupta e, nas melhores situações, venal de cima a baixo, onde raros são os honestos, que não permanecem assim muito tempo ou impunemente. O rito de passagem para os policiais novatos nessa polícia é corromper-se (com tráfico, lenocínio, roubo, jogatina) sem chiar. Já o rito de passagem pelo BOPE é a prática corriqueira de tortura e eventualmente assassinato. Nos morros os traficantes, chefes de jovens assassinos, não têm o carisma de um coronel Kurtz (Marlon Brando em Apocalypse now) que talvez possa ser mais apropriadamente interpretado hoje, quem sabe, por algum chefe de milícia, coisa que não havia em 1997, época retratada pelo filme. Os verdadeiros algozes, porém, não são mostrados, como não são mostrados em lugar nenhum nunca. Os algozes apontados no filme, com uma ou duas exceções, são também vítimas. Olhando o filme sentimo-nos todos vítimas, presas dos braços de ferro e chumbo grosso do 'sistema', o que é uma triste verdade. Até o ponto, tênue e dificílimo de alcançar, onde organizados começamos a resistir com alguma efetividade.
Comentários
Na semana passada reassisti "A Batalha de Argel", do Pontecorvo. Vale a pena ver de novo"!
Uma notícia ilustrativa da guerra na Tribuna de hoje:
PM mata sete em duas favelas
Polícia sustenta que todos eram traficantes
Sete pessoas morreram em mais um dia de operações da Polícia Militar nas favelas do Rio para reprimir o tráfico de drogas. Na Favela Parque São Vicente, conhecida como Gogó da Ema, no município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, cinco homens morreram durante um tiroteio de cerca de 15 minutos entre policiais do 39º Batalhão de Polícia Militar e traficantes. De acordo com a assessoria de imprensa da corporação, todos os mortos eram criminosos.
Na Favela do Jacarezinho, na Zona Norte, uma incursão do Batalhão de Operações Especiais, o Bope, com o 3º Batalhão de Polícia Militar do Méier deixou outros dois supostos traficantes mortos. A polícia informou que os baleados no tiroteio da favela Gogó da Ema foram levados ao Hospital Municipal de Belford Roxo, mas não resistiram.
Policiais apreenderam na localidade um fuzil Rugger calibre 556, uma submetralhadora 9 mm, uma granada e um revólver calibre 38. A PM disse ter encontrado ainda com as vítimas sete radiotransmissores, 140 trouxinhas de maconha e 45 papelotes de cocaína com etiquetas com a inscrição "100% Prazer. Mulher do Bravo - R$ 20". Os dizeres eram acompanhados com uma ilustração pornográfica.
Na Favela do Jacarezinho, Zona Norte, um ataque contra uma viatura da polícia, na noite da última quinta-feira, motivou uma incursão da Polícia Militar na comunidade ontem. Dois supostos criminosos morreram na troca de tiros e um PM ficou ferido por estilhaços de granada, mas não corre risco de morrer.
Com as vítimas, a PM afirma ter apreendido uma pistola 9 mm, um caderno com anotações sobre venda de drogas, 348 papelotes de cocaína, 260 trouxinhas de maconha e 70 pedras de crack. A estação ferroviária do Jacarezinho chegou a ser fechada por meia hora para o tráfego de trens urbanos durante a troca de tiros.
Esta semana, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, defendeu várias vezes a atuação da polícia e a sua chamada "política de enfrentamento" contra os traficantes de droga. "O governo insiste na ideologia da guerra para justificar a ausência do Estado nas áreas pobres. É ideológico.
Cabral precisa criar um inimigo interno para justificar a barbárie de uma política perversa com os mais pobres e ineficaz no combate à violência. Uma polícia violenta não significa uma sociedade tranqüila", rebateu ontem . (Quem? o jornal não diz)
Arrastões
Policiais do 22º Batalhão de Polícia Militar prenderam três homens suspeitos de praticar arrastões contra motoristas da Linha Vermelha, na Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, em Bonsucesso.
Leonardo de Andrade da Silva, conhecidos como "Nego Léo", de 19 anos, Wesley de Oliveira Pereira, o "Taca Bala", de 22 anos, e Kelson Bernardo da Silva, de 20 anos, foram presos com uma pistola calibre 380, 11 bombas caseiras e uma granada defensiva M9, de uso exclusivo das Forças Armadas.
Taca Bala é suspeito da morte de um policial durante um tiroteio na via expressa. Três carros e duas motos roubadas foram recuperados na ação.