Aí eu fui ver o Jorge ser Furtado, duas vezes!

Prometi que já voltava e aqui estou para contar a segunda parte da minha odisséia domingueira, onde percorri os cinemas fugindo da desvairada e enlouquecida solidão. O quê? Demorei? Nada! O tempo era relativo e, morto, sequer isso.

Ao sair, tão solitário quanto entrei, de uma das salas de cinema da Casa de Cultura Mario Quintana, que havia exibido "Conceição - autor bom é autor morto" só para mim, decidi que em vez de ir ao buteco - como viriam a me sugerir o César Xrmr, o Zealfredo e o Jens - iria até a Usina do Gasômetro ver Saneamento Básico, o filme. Tem uma cafeteria na entrada da sala de cinema P. F. Gastal, o que é ótimo. Cheguei cedo, tomei uma taça de café e pude constatar que estava correndo o risco de ser novamente o único candidato a espectador. Felizmente no último minuto chegou um casal que comprou ingressos e me livrou da impressão de ser personagem de um filme de mistérios sobrenaturais em que eu seria o condenado a único espectador de todas as sessões de todos os cinemas onde resolvesse ir.

Aliviado, comprei meu ingresso e entrei na sala onde o casal já conversava animadamente, sentei umas 5 fileiras à frente e aguardei o início do filme.

Aí apagaram as luzes e começou o filme e uma chiadeira braba, pior que vinil arranhado. Esperei três minutos e a coisa continuava, aí levantei e fui até a sala de projeção reclamar, ao que o operador das maquinações me disse
- Ah, isso é assim mesmo! Não tenho como melhorar.
- Então quero meu dinheiro de volta.
- É lá na bilheteria, disse ele.
Eu fui pedir meu dinheiro de volta e o operador seguiu-me. Tentou me convencer que eu estava errado em achar ruim a barulheira no som do filme, que era uma questão técnica. Eu argumentei que provavelmente era por isso que a sala estava vazia. Ele disse que as sessões anteriores estavam cheias. Eu disse que então muita gente, além do Jorge Furtado, fora prejudicada. Ele disse que eu era o primeiro a reclamar e disse mais: que o interesse pela obra de arte deveria tornar desprezíveis esses detalhes. Aí eu disse que ele fosse contar essa pro Jorge Furtado e fui-me embora. Depois de ter saído lembrei que tinha esquecido de pagar o café. Isto, felizmente tem conserto - quando eu voltar lá, pagarei. Já ter o som do filme detonado...

Comentários

Jens disse…
Jean:
desconfio que isto seja uma resposta divina à presença da toda-poderosa nas instalações da usina. Os deuses são vingativos.
Abração.
Anônimo disse…
http://jbonline.terra.com.br/editorias/cultura/papel/2007/10/20/cultura20071020002.html