Assisti na TV Cultura ontem à noite uma palestra do sociólogo Francisco de Oliveira onde ele disse, entre outras coisas interessantes o seguinte (cito de memória, que não é o meu forte):
"Andamos pelas ruas e vemos centenas de pessoas vendendo pentes, meias, loteria, CDs, relógios, etc. São desempregados. Mas não são desocupados. Continuam servindo ao mercado. Alguns falam em inclusão social. A mercadoria não exclui ninguém. O mercado não exclui ninguém. Aceita, arregimenta, cerca, usa a todos."
E da forma que melhor lhe aprouver, digo eu - essa forma, sabemos, é aquela em que o ser humano e seu trabalho são meros insumos para a produção, comércio e lucro, ou seja, o Capitalismo usa o homem como alimento, como pasto, como babá e multi serviçal para seu rebento, seu filho unigênito e dileto, o Capital. Para isto criou a "lei de mercado", que apregoa tão definitiva e provada quanto a lei da gravidade, que mantém em ordem os corpos celestes e terrestres. O homem acredita na lei do mercado pia e cegamente, como já acreditou que a Terra fosse plana e que o Sol girasse em volta dela.
Há alguns grupos especiais de prestadores de serviços ao jovem Capital que, pela importância da sua assistência e fidelidade ao rebento e a seu pai, são muito bem remunerados e mimados como se o próprio Capital fossem. Um desses, talvez o mais especial deles, é o grupo dos serviçais de mídia, pois esse grupo poderia fazer reverter o sentido da história, tornando o Capital insumo para os homens e não o contrário como fazem, mantendo as coisas "como elas são", segundo a "lei de mercado".
Os serviçais de mídia fazem para o Capitalismo e para o jovem Capital o serviço sujo de mantê-los no poder sem que precisem usar de força. Fazem-no mentindo aos homens, escondendo-lhes as verdades fundamentais, mascarando, subestimando, desprezando publicamente e em larga escala qualquer evidência de verdade que eventualmente aflore à superfície social. São esses os encarregados de pintar os algozes, como camaleões, de camuflá-los, como a um tigre no meio do bambuzal, são esses que contratam as lindas sereias nuas para cantar e atrair os homens para a boca do camaleão, como gafanhotos, para as garras do tigre, como cervos.
Isto tudo é tão simples... Não há aí nenhum mistério desvendado. Mas é que mentem tanto e tão repetidamente que de vez em quando é preciso que repitamos para nós mesmos as verdades que sabemos, assim como vez ou outra convém olhar no espelho. Além disso a verdade produz um som inigualável, insubstituível, inconfundível, pois é um som que está em nós desde o princípio e, para bem apreciá-lo, basta reconhecê-lo.
"Andamos pelas ruas e vemos centenas de pessoas vendendo pentes, meias, loteria, CDs, relógios, etc. São desempregados. Mas não são desocupados. Continuam servindo ao mercado. Alguns falam em inclusão social. A mercadoria não exclui ninguém. O mercado não exclui ninguém. Aceita, arregimenta, cerca, usa a todos."
E da forma que melhor lhe aprouver, digo eu - essa forma, sabemos, é aquela em que o ser humano e seu trabalho são meros insumos para a produção, comércio e lucro, ou seja, o Capitalismo usa o homem como alimento, como pasto, como babá e multi serviçal para seu rebento, seu filho unigênito e dileto, o Capital. Para isto criou a "lei de mercado", que apregoa tão definitiva e provada quanto a lei da gravidade, que mantém em ordem os corpos celestes e terrestres. O homem acredita na lei do mercado pia e cegamente, como já acreditou que a Terra fosse plana e que o Sol girasse em volta dela.
Há alguns grupos especiais de prestadores de serviços ao jovem Capital que, pela importância da sua assistência e fidelidade ao rebento e a seu pai, são muito bem remunerados e mimados como se o próprio Capital fossem. Um desses, talvez o mais especial deles, é o grupo dos serviçais de mídia, pois esse grupo poderia fazer reverter o sentido da história, tornando o Capital insumo para os homens e não o contrário como fazem, mantendo as coisas "como elas são", segundo a "lei de mercado".
Os serviçais de mídia fazem para o Capitalismo e para o jovem Capital o serviço sujo de mantê-los no poder sem que precisem usar de força. Fazem-no mentindo aos homens, escondendo-lhes as verdades fundamentais, mascarando, subestimando, desprezando publicamente e em larga escala qualquer evidência de verdade que eventualmente aflore à superfície social. São esses os encarregados de pintar os algozes, como camaleões, de camuflá-los, como a um tigre no meio do bambuzal, são esses que contratam as lindas sereias nuas para cantar e atrair os homens para a boca do camaleão, como gafanhotos, para as garras do tigre, como cervos.
Isto tudo é tão simples... Não há aí nenhum mistério desvendado. Mas é que mentem tanto e tão repetidamente que de vez em quando é preciso que repitamos para nós mesmos as verdades que sabemos, assim como vez ou outra convém olhar no espelho. Além disso a verdade produz um som inigualável, insubstituível, inconfundível, pois é um som que está em nós desde o princípio e, para bem apreciá-lo, basta reconhecê-lo.
Comentários
Mas muito bom este texto seu.
Tempos bons foram aqueles em que o mercado era um lugar que transbordava cultura, vida e saber.
Hoje temos esta distorção, que tudo cheira a coisa estragada, podre e fedida.
Criei o recantodasformas.blogspot.com
passa lá.
abração
***
Um detalhe: os mandamentos do mercado são implacáveis, exceto quando atingem os interesses dos sumos sacerdotes da seita, que não dispensam uma ajudazinha do Estado, na forma de grana ou leis protecionistas, quando um belzebú mais poderoso baixa no terreiro.
E nada eh logico em si, Jean, por mais logico nos pareca.
abrax
RF
Chico Sciece Nação Zumbi
Posso sair daqui para me organizar
Posso sair daqui para desorganizar
Posso sair daqui para me organizar
Posso sair daqui para desorganizar
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
O sol queimou, queimou a lama do rio
Eu ví um chié andando devagar
E um aratu pra lá e pra cá
E um carangueijo andando pro sul
Saiu do mangue, virou gabiru
Ô Josué, eu nunca ví tamanha desgraça
Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça
Peguei um balaio, fui na feira roubar tomate e cebola
Ia passando uma véia, pegou a minha cenoura
“Aí minha véia, deixa a cenoura aqui
Com a barriga vazia não consigo dormir”
E com o bucho mais cheio começei a pensar
Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu desorganizando posso me organizar
Que eu me organizando posso desorganizar
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Não dá mais pra pensar como a Teoria Crítica de alguns dos expoentes da Escola de Frankfurt, muito menos como antigamente, quando pensava-se que os meios de comunicação de massa eram meramente persuasivos ou manipuladores.
Se há persuasão e manipulação, é porque, infelizmente, a educação neste enorme e rico país é um LIXO. As pessoas, mesmo as mais humildes, têm totais condições de criticar a mídia sem precisarem ser jornalistas ou militantes de partidos de esquerda.
Contudo, preferem deixar as coisas passarem e acreditar naquilo que lhes chega pronto.
Na verdade, é preciso compreender que a praça, a cidade, a tribuna, o palácio, a câmara, nenhum desses espaços é mais um espaço de debates. São espaços vazios.
Na política, por definição, não existe vazio. Porém, seu espaço de discussão, de deliberação e de julgamento agora é a televisão. Todo e qualquer político e todo e qualquer cidadão só são plenamente capazes de se relacionar politicamente de maneira indireta, ou seja, através da comunicação mediada. O valor, a importância, a seriedade e os resultados da política na ágora são quase zero.
Na sociedade midiatizada, até mesmo o futebol é um espetáculo não para quem vai ao estádio mas, sim, para a TV: os uniformes dos times são mais feios ao vivo do que na TV: a largura das listras, a fonte dos números, o espaço do patrocínio, o tom das cores e a intensidade do brilho ou da opacidade do tecido ficam maravilhosos da TV.
Além disso, os melhores jogadores não são necessariamente os melhores técnica ou fisicamente mas, sim, aqueles que são melhores atores. Denilson, o último ponteiro do futebol, saracoteador de objetividade zero, é um jogador não mais do que razoável. Porém, é uma excelente personagem televisiva.
Te recomendo a ler o trabalho do prof. Antônio Fausto Neto da Unisinos, sobre midiatização. Nem mesmo os blogueiros gaúchos de esquerda com formação em Comunicação escapam de uma visão desatualizada, que em nada contribui para tentar chegar a resultados sociais e comunicacionais efetivamente significativos.
[]'s,
Hélio