Escondido na cama sob o covil de cobertas bem vedadas, ouço pela janela duplamente fechada, avançando e crescendo lá da rua (que estava  bem silenciosa neste feriado da independência), iluminando o quarto escuro do meu imaginário, uma algazarra de vozes infantis –  límpida, buliçosa, sem cuidados tonais nem outonais, animada como água de arroio descendo a serra – a própria imagem de uma delícia de primavera.
Logo passa a fanfarra das  vozes iniciantes e a alegria do dia as acompanha. A memória desse   inesperado e triunfante desfile aquece as poucas sobras desta manhã, e sou grato por ter estado tão perto e poder juntá-las.
Às vezes acho que ainda é só por causa das crianças que Deus continua girando e girando este mundo.
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