Estão fervendo os caldeirões com urânio, teias de aranha e caca de morcego no Japão. No mundo todo fervem, mas o problema no Japão e para seus vizinhos é que com aquela chacoalhada que rachou alguns deles e derrubou suas tampas, os aprendizes de feiticeiros agora não sabem o que fazer para controlar os feitiços que se espalham pelo ar, terra e água. Logo começarão a brotar cogumelos nos japoneses, que serão transformados em ratos aleijados, sapos verruguentos, lesmas, adubo. Os feiticeirinhos fugirão de lá, perderão prestígio e alguma grana, mas tudo está acertado para eles, pois trabalham para os grandes bruxos e estão blindados pelo CEO.
A feitiçaria agiliza e facilita muitas coisas mas tem esse problema: algo imenso sempre dá errado. E os bruxos não estão nem aí para os pequenos clientes dos clientes de suas bruxarias, os usuários-beneficiários-vítimas finais de seus feitiços, e não se importam nem um pouco também de colocá-los a ferver dentro dos caldeirões. Só o que lhes interessa é ter feitiços para vender e se garantir no comando do jogo.
No Mato Grosso do Sul, por exemplo, as bruxarias fizeram brotar veneno para larvas e insetos dos seios das jovens mães. O veneno parece que mata passarinhos também. Vejam que é um feitiço poderoso e os grandes bruxos e sua nuvem de assessores estão orgulhosíssimos. Sobre os bebês que se alimentam aos seios de suas mamães, um assessor de bruxo consultado disse que tudo está bem por que os bebês não são larvas nem insetos nem passarinhos.
Estarrecida com alguns resultados dos feitiços – como a guerra permanente, a intoxicação progressiva, a deterioração ambiental, o empobrecimento alimentar, a radioatividade – tem gente que tenta entender como funciona a cabeça dos bruxos. Bom, eu sou um destes e vou deixar aqui algumas dicas do que descobri e que podem lhes interessar.
Primeira. Ao contrário do que crê o senso comum, os bruxos não são dados ao exoterismo. Eles apenas o usam na medida de sua efetividade e potencialidade prática e não creem no que não podem comprovar. Eles, e elas também, não acreditam em espíritos e entidades que não se manifestam, por isto os 'invocam' e se o 'invocado' se manifesta, creem, se não, não. Manifestação é ação manisfesta, que é PODER. A divindade, o objeto de culto, veneração e adoração dos bruxos é o PODER QUE SE MANIFESTA. Para eles o poder que não se manifesta quando instado, que não pode ser 'invocado', que não pode USADO, não existe e se existe não é o que eles gostam nem o que querem. Oh, sim, são bastante práticos, os bruxos.
Segunda. Podes comprar as bruxarias, mas não podes comprar os bruxos. A menos que sejas um. Podes vender casa, carro, somar a poupança e todo o teu trabalho mensal e ainda assim não conseguirás comprar um bruxo. No máximo conseguirias contratar os serviços temporários de algum menos cotado. Os bruxos só podem ser comprados por quem tem PODER. Uma clássica manifestação do PODER é o DINHEIRO. Assim, um bruxo dos mais fracos custa pelo menos 50 mil por mês. Abaixo disso só aprendizes. Se consegues pagar 50 mil por mês para um bruxo, sem prazo para terminar o contrato, é porque és um bruxo também.
Terceira. Quando um bruxo é comprado, e só o será por outro bruxo mais poderoso, tem que fazer tudo segundo as ordens do seu comprador, que é o seu dono. A HIERARQUIA é o fundamento da bruxaria. Democracia é parte da conversa que eles largam para os otários se entreterem e ser mais facilmente dominados. O PODER dos bruxos é sustentado pela hierarquia a que voluntaria e tradicionalmente se submetem e aos milhões de candidatos a aprendizes que se apresentam diariamente. A hierarquia é mantida pela ação manifesta e organizada do PODER, com DINHEIRO, FORÇA e VIOLÊNCIA.
Quarta. Os bruxos se fazem envolver, fortalecer e proteger, por uma nuvem de aprendizes submissos, obedientes e convictos de tudo o que CONSTATAM. Para angariar e manter aprendizes, que confirmam e aumentam o seu poder, os bruxos os convencem, através de ações manifestas, de que são membros importantes DO e representam O PODER. Para conseguir isto usam em vastas áreas, geográficas e sociais, o seu SISTEMA de poder para restringir o acesso do potenciais candidatos e aprendizes a vivências, eventos e conhecimentos que contestem ou contrariem esse mesmo SISTEMA e a ideologia por eles desejada, planejada, construída.
Quinta. Quando é aceito, um aprendiz já está plenamente convencido da absoluta hegemonia e imprescindibilidade do SISTEMA e de seu necessário enquadramento hierárquico no mesmo. Um bruxo não obedeça totalmente aos bruxos mais poderosos, que estão acima dele na HIERARQUIA, esse bruxo, seu séquito de aprendizes e a população que os sustenta são punidos em rituais de horror, tortura, mutilação e grande número de MORTOS. Os mais fracos serão os mais punidos, sofrerão mais, serão os primeiros e mais numerosos a morrer. Vejam o caso de Sadam e dos iraquianos e agora o de Gadafi e os líbios. Para punir os bruxos rebeldes e desobedientes, os bruxos priores não usam de meios termos nem preocupam-se com a opinião dos seus súditos ou com o que quer que seja. Se podem fazer eles simplesmente vão lá e fazem. Para eles o PODER por si só explica, justifica, motiva, realiza e exime, inclusive de perdão, coisa de que não sentem ínfima necessidade. Para manter aparências de normalidade satisfatórias aos idiotas que os sustentam, basta que lhes contem uma historia da carochinha. No caso dos iraquianos, disseram para o seu populacho que aqueles monstros assassinos ameaçavam a todos com horríveis feitiços, poderosíssimas bruxarias que lançariam a qualquer momento sobre Nova Iorque, Londres, Madrid, Roma, Berlim e milhares de outras grandes cidades do planeta. Todos os idiotas do mundo acharam isto perfeitamente plausível. Agora, para recolocar um bruxo obediente a comandar os líbios, a balela que usaram é o velho MANTRA: o restabelecimento da DEMO CRACIA. E todos os idiotas do mundo, porque são idiotas... Ah, vocês vocês viram tudo de novo como foi.
Os aprendizes sabem que tudo é manha e mentira mas não se opõem – apenas silenciam, apoiam, aplaudem, conforme a personalidade e o comprometimento de cada um. Ah, sim, os bruxos repetem a toda hora que apreciam muito os aprendizes e funcionários COMPROMETIDOS. Assim mais e mais deles se COMPRO METEM.
Sexta. Os bruxos precisam de muitos a lhes dar e garantir poder, a servir-lhes, a diverti-los. Um de seus poderosos priors, porém, já declarou que para o exercício dessas funções, dado o número de bruxos existentes hoje, o número total de pessoas neste planeta não deveria ser superior a 2 bilhões, se tanto. Como já temos 7 bilhões de cabeças por aí, 5 bilhões delas poderiam rolar sem prejudicar os planos e serviços bruxos. Ao contrário.
Sétima. Usinas nucleares, guerras, invasões, fome, loucura, venenos na comida, no ar, na água, doenças novas, doenças velhas, parece afinal que não são problemas a ser superados, mas partes significativas dos objetivos do sistema e inerentes ao amor bruxo.
Quem poderá nos salvar?
Comentários
Um abraço.
Um grande abraço