Comer o fruto da árvore da ciência do bem e do mal = pensar

Sair da ignorância é sair do paraíso. Inicialmente. A consciência, o conhecimento, nos aguilhoam com a responsabilidade. A responsabilidade nos oprime. E também é o caminho para a liberdade que podemos.

A maioria de nós anda de saco cheio com a responsabilidade e não quer nenhuma mais além das que já nos castigam e das quais não conseguimos nos livrar. Só queremos o prazer. Dar um jeito de empurrar a responsabilidade para longe, para outros ou outra parte, imediatamente. Na política, por exemplo, há uma forte tendência de voto preferencial não para os que já provaram que assumem corretamente as responsabilidades, mas para aqueles que sabidamente não terão e não cobrarão responsabilidades. Assim um irresponsável contumaz e também o que odeia responsabilidades votarão preferencialmente num irresponsável declarado ou presumido, porque os responsáveis costumam cobrar responsabilidades dos outros, o que é muito chato , incômodo e ameaçador para quem quer manter e aumentar sua cota de paraíso privê.

Daí tanto esforço e gasto em mercadologia política para afirmar ao eleitor: sou um candidato legal, sou cool, sou maleável, quero só o prazer e a felicidade, não vou encher o saco de ninguém com esse troço de responsabilidade, nem diminuirei, sequer tocarei nos paraísos particulares e artificiais de ninguém, muito antes pelo contrário: aumentarei o espaço e melhorarei as condições.

Os candidatos de 'esquerda' acrescentam que também os pobres e miseráveis receberão cotas de paraíso (e em aparte para os ricos: - não se preocupem, pois isso será uma coisa ínfima e será feito através da melhor capacitação deles para trabalhar para os senhores, que ficarão ainda mais ricos. Fiquem tranquilos que não estamos aqui para negar, mas para afirmar o capitalismo). Assim, para conseguirem exercer sua responsabilidade, os candidatos de 'esquerda' prometem aos pobres que terão mais trabalho e dinheiro e aos ricos que não lhes será atribuída uma responsabilidade extra sequer, só prêmios, pois aos pobres cumpre assumir toda a responsabilidade e suar muito mais e melhor o rosto pelo seu novo pedacinho de liberdade (e também pelo novo pedação extra de paraíso de V. Sras. Ricaços Excelências). Aí os ricos dizem: Ok, assim pode ser, já que vais trabalhar para nós. Permitiremos que seja eleit@! Por via das dúvidas, entretanto, vais continuar nos pagando metade da arrecadação dos impostos, independente do que aconteça, através das rendas da dívida interna, que manterás alta, assim como a taxa Selic. Caso isto não seja feito cairás. E se não caíres, morrerás. Por ora é isto. Dispensad@. Passar bem.

Obviamente só é possível aos ricos falar, agir e mandar assim porque aos eleitores interessa muito mais o futebol, a cerveja, os carros, a novela, o olho na fechadura do BBB, do que a política, a informação, a economia, ou seja, interessa muito mais o prazer (imediato) que a responsabilidade (permanente).

Esta auto-armadilha não funciona só na política, mas na educação, na alimentação, no lazer, no consumo, na saúde. Dispensamos, queremos escafeder de nossas responsabilidades e para tal às 'delegamos' a alguém. Esse alguém nos 'poupa' do conhecimento, portanto do trabalho que dá alcançá-lo e principalmente da consequente responsabilidade (e mais trabalho) que traz. Assim a confortável e paradisíaca conclusão de muitos de nós é que os responsáveis pela educação das crianças são os que dão aulas nas escolas e os que fazem os belos programas infantis de TV e computador; que os responsáveis pela qualidade de nossa alimentação são os empresários do agronegócio, da indústria alimentícia e dos supermercados; que os responsáveis pela quantidade e qualidade de nosso consumo e lazer são as grandes indústrias e agências, empresas de publicidade e de mídia; que os responsáveis pela nossa saúde são os planos de saúde, o SUS, os médicos e que os responsáveis pelo bom e eficiente cumprimento de todas as responsabilidades delegadas a todos esses, e outros mais, são os governos. Estas opções com certeza devem parecer muito confortáveis, mas análises cotidianas feitas por várias pessoas interessadas na própria história e evolução têm demonstrado que na verdade são opções bastante idiotas. Talvez façam tanto sucesso por que muitos não gostem de observar e pensar cotidianamente, nem se dar a trabalhos dos quais acham que podem se livrar, já que não recebem dinheiro para fazê-los.

Moral da história:
Ao povo que não cultiva a virtude da responsabilidade, advinda do conhecimento, resta ser escravo, um tanto por suas próprias fraquezas, vícios, ignorância, outro tanto pela força, perversões e conhecimento dos outros.

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A seguir um filme bastante elucidativo (também sobre o que falei acima). Acho que é um filme muito importante, fundamental mesmo, que ensina muita coisa sobre muitas coisas, e pessoas: Clica para baixar: COMIDA É IMPORTANTE.

Ou assiste no YouTube (parte 1 de 6): http://www.youtube.com/watch?v=XMNSGb2TZTI&feature=related

Para baixar (primeiro link) tens que baixar o filme e a legenda, pois estão separados. Para abrir o arquivo da legenda eu uso o Open Office. Para juntar filme e legenda depois de baixados e passar o vídeo, eu uso o VLC media player. Ambos tem links disponíveis no baixaki.com.br)

Comentários

O conhecimento tem de ser crítico. Se não for crítico não é conhecimento. E mais o conhecimento não pode ser religioso ou simplesmente ideológico, porque cai no que há de mais medíocre. Existem na sociedade que estamos embutidos grandes interesses convergentes como, por exemplo, acabar com a miséria e a exclusão social. Será que alguém pode ser contra isso? Então se fala que os ricos querem apenas lucrar. Ora, qualquer empresa em qualquer lugar do mundo, quer lucrar. Não há nada de anormal em lucrar, porque o lucro gera emprego, gera renda, gera imposto para o estado realizar o que efetivamente importa: ações positivas para acabar definitivamente com a pobreza. Por isso conhecimento crítico é fundamental. E as pessoas não podem parar no tempo, como alguns que enxergam o mundo de hoje como se estivessemos no século XIX, é preciso ler, se atualizar e não cair nas armadilhas perigosos da ideologia e da religião.
Jens disse…
Oi Jean.
Não creio que o lucro seja assim tão inofensivo e benéfico como faz crer o Maia, basta ver a devastação ambiental promovida em nome da prosperidade empresarial. Menos, camarada Maia, bem menos...
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Cidadania plena dá trabalho, exige responsabilidade sobre os próprios atos. Nem todos estão dispostos a encarar esta bronca. Assim, o gado continua manso no curral. Por vezes a manada se inquieta, como acontece agora nos países árabes, mas logo sossega. O apelo do comportamento bovino é mais forte. É uma merda, mas é o mundo em que vivemos.
Cada vez mais parece se confirmar a observação do mestre Millôr: o homem é um animal inviável.
Jens, a devastação ambiental é causada, também, pela falta de controle e fiscalização desse ente fundamental que é o estado. E o lucro gerado pelo empreendedor se transforma também em emprego, renda e imposto para o estado aumentar o seu controle e fiscalização. Tudo isso faz parte de uma lógica que pode dar certo num processo chamado capitalismo. É assim que as coisas funcionam e o ser humano não inventou até hoje um relógio melhor do que esse e que deve ser sempre atualizado, porque a vida é dinâmica e dialética. Grande abraço
Edificarte disse…
Edificarte.
tudo que plantares irá conher, que na sua vida e no seu caminho, seja espalhada a semente da paz, da compreensão, do amor, o respeito e da união.. e que Jesus Cristo lhe receba de braços aberto..

abraços..