No passado os médicos garantiam este aprendizado logo que nascíamos. E o pai e os irmãos mais velhos asseguravam que não esquecêssemos (eu sei por dois lados, já que tenho 3 irmãos mais novos). Quem aprende que em algumas partes do tempo em que estiver vivo levará porrada, várias vezes, está na vida com vantagem. A quem não sabe e não quer aprender que vai levar porrada, as porradas vão doer muito mais, e mais fundo. É um sujeito que estará muito mais sujeitinho ao medo, e à mágoa. Saber que levará porrada evita, de cara, grande parte das surpresas desagradáveis e assim pode diminuir e evitar os danos.
Vem o carinha, bucólico pela vereda florida, lírico, feliz e, com tamanha riqueza de espírito, mui e justamente distraído com a paz, a beleza e PAF! Toma-lhe uma nas fuças que cai sentado. Ele não sabia que levaria porrada, jamais tinha considerado isso, foi pego totalmente de surpresa: seu mundo caiu junto com ele e agora ele fica com medo de andar por aí de novo bucólico, lírico, feliz, etc. Vira um preocupado medroso de ser feliz e de ser infeliz, avarento de uma felicidade que já não tem mais. Caso esse neo sujeitinho tivesse à época um amigo próximo que sabe das coisas, este viria ao seu encontro e o parabenizaria, por ter experimentado a vida impactante e sobrevivido e por estar mais apto a ela, e isto ainda antes que terminasse o zumbido no ouvido e que o nariz parasse de sangrar.
Acho ainda que quem sabe o preço das porradas sabe mais do valor dos carinhos. Óbvio que não sou masoquista a ponto de achar que porrada é bom. Não é. Mas saber de antemão que as porradas vêm é bom. Daí é se esquivar quando elas vêm por cima e saltar quando vêm por baixo. Se te pegarem pelo meio, antes que consigas sair pela tangente, considera que o melhor nesse caso é evitar a porrada seguinte, que é a da calçada na cara, e cair assim meio de banda, se possível.
Escrevi este texto positivo, alto-astral, supramotivacional, de auto-ajuda marcial, porque de repente, depois de andar apanhando todo dia, há tanto tempo, fiquei muito feliz ao saber que um amigo que não vejo há tempos demais chegou à cidade e que logo mais vamos almoçar, conversar, encontrar outros amigos, entortar e desentortar o mundo só para ouvir o barulho que faz. Não me bate o medo de ser feliz, nem o de ser infeliz - sei das porradas. Vou é mantê-las ignorantes de mim, nestes próximos dias pelo menos, com uma pequena ajuda do meu amigo Pedro Almeida, que sabe uma pá de manhas que não sei e, agora que o Lula voltou pra São Paulo, é O Cara lá em Brasília.
Comentários
Tenho que admitir que voce escreve muito bem.
Só resisto a dmitir é esse aego pelo Lula. kkkkkkkkkkkkk (brincadeirinha) Amigo.
Deus te proteja e continue lhe guiando pra escrever tão bem assim como você faz.
Parabéns pelo texto que não deixa dúvidas. rss
Eu até pensei em escrever: Indubitável, Mas ai pensei, Poderar deixar dúvidas em algum leitor. Melhor não. rsssssss
Seu amigo deverá adorar a sua companhia. Divirtam-se.
Já meu apego fez uma revolução trans sexual, sem viadagem, e não é mais ao Lula, mas à :Dilma. Tudo no maior respeito, ainda quando a critique, como fazia com ele.
Bom domingo!
Dá muito mais do teu blog, aos teus amigos.
Um abraço.
Eu tive que ir ao amansa burro pra saber que raios seriam esses coxins.
Não, e não é pra me gabar... A velha carcaça, confesso, aprecia essas comodidades.
Nova Poética
Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Sai um sujeito com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe o paletó de uma nódoa de lama:
É a vida.
O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade.
Manuel Bandeira
(1886-1968)