Governo do estado quer dar uns espelhinhos e uns pentes para os gaúchos em troca de 750.000 m2 de área nobre em Porto Alegre.

Digamos que dos 750.000 m2 da área da FASE, ex-FEBEM, descontando o espaço das ruas, calçadas, praças e áreas de preservação e reassentamento, resulte a metade em lotes urbanos: ou seja, 375.000 m2.

Esta área equivale a 1.250 terrenos de 10 x 30m, ou seja, um bairro inteiro em Porto Alegre.

Digamos que esses terrenos de 10 x 30 em uma área nobre da cidade valham R$200.000,00 cada um, em média. Temos aí 250 milhões de reais. Suponhamos que sejam gastos 50 milhões para fazer a urbanização. Restam 200 milhões para o rachuncho.

Ah, não, ainda tem o custo de construir 9 pequenos prédios na região metropolitana de Porto Alegre. Digamos que gastem 2 milhões em cada um: 18 a 20 milhões no total. Mais as "comissões" usuais e o sobrepreço, digamos que chegue a 5 milhões cada um, portanto 45, vá lá, 50 milhões no total, com farta locupletação.

Sobram 150 milhões para o rachuncho privê.

Cabe frisar que estas são contas rápidas de um apedeuta em arquitetura, urbanismo e mercado imobiliário. É possível que possa sobrar muito mais para o butim. 

(Há aí entre os e-leitores algum arquiteto, corretora de imóveis,  urbanista, ou outro palpiteiro como eu que possa enriquecer os cálculos?)

Leia mais sobre esta nova tentativa de assalto aqui:
Animot

Governo do estado do Rio Grande do Sul, coragem para fazer (sem medo do xadrez).

Comentários

Esse valor de 150 ou 220 milhões, se for exatamente esse, o que se admite para argumentar, só vai entrar na conta do investidor quando tudo ficar pronto, quando as 9 unidades modernas e descentralizadas da FASE ficarem prontas, quando as obras que gerarão zilhões de empregos, ficarem concluídas, quando as contrapartidas urbanísticas e ambientais estiverem em conformidade com o edital e lei, quando a situação dos posseiros irregulares do local estiverem resolvidas. Existe risco para o investidor que participará de uma licitação pública com outros empreendedores que darão propostas pelo melhor preço. E tem gente que é contra, porque é ignorante, porque não entende absolutamente nada sobre como funciona um empreendimento, uma licitação, porque tem preconceito com o capital, porque acha que o capital é sempre danoso. Não é. Faz muito bem o governo Yeda, via Fernando Schuller, em fazer essa venda em área nobre da capital gaúcha. A grande vergonha é a
ocupação irregular em área pública que está localizada no outro lado da Av. padre Cacique, onde tem uma loja de piscinas e escola de samba. São prédios horrorosos e aquela área tem de ser integrada ao parque que ali existe. Pior coisa do mundo é preconceito.
Jean Scharlau disse…
A Yeda e o Fernando querem aliviar a população desse peso, não é Maia?

E que coisa chata, né, a(s) construtora(s) terem que fazer o serviço antes de meter a mão na bufunfa. Só esse incômodo já justificaria que a Yeda pegasse mais uns 200 milhões do nosso dinheiro, e lhes antecipasse, pelo incômodo.

Agora, fazer corretamente o trabalho de que o povo lhes incumbiu a Yeda e o Fernando não pensam, né? Em zelar pelo patrimônio público, o qual ela foi eleita para gerir, nem pensar, não é?

Não há nada que ela possa fazer sem a Maiojama, não é mesmo? Afinal ela é só a governadora do estado, não é nenhuma Dilma.
Anônimo disse…
Estás brincando? Uma área desse tamanho nesse ponto da cidade vale mais de 1 bilhão.
Rodrigo A
Jean Scharlau disse…
Rodrigo, tua opinião está de acordo com a de amigos que me mandaram e-mail alertando para a minha ingenuidade destrambilhardária, mostrando que meus cálculos estariam de acordo com investimentos em um bairro destinado à classe C+, enquanto ali o mais provável seriam investimentos comerciais grandiloquentes e residenciais para as classes B, B+ e A, o que decuplicaria o montante.
Scharlau, o papel do Estado não é patrimonialista, mas de serviços. TEm é que dar a população mais carente um bom ou razoável serviço público na educação, na saúde e segurança. Se existe a possibilidade do Estado melhorar as condições da FASE, fazendo a descentralização, construindo prédios confortáveis etc. sem custo algum para o Estado, por que isso é ruim? Qual o problema do empreendedor que arrematar esse bem em licitação e se obrigar a fazer as contapartidas, ter o seu lucro? Qual o problema? Cada vez eu me convenço lendo os posts e comentários da nossa esquerda, ela não entende e nem está interessada em entender como funciona o mercado, como funciona o mundo das pessoas que trabalham com o mercado que não é deus.
Jean Scharlau disse…
Maia, algumas coisas:

1 - Uma das responsabilidades de pai, mãe, ou pessoa mantenedora de família é preservar, se possível aumentar, e não dilapidar o patrimônio dessa família. A essa responsabilidade bem exercida, ou seja, que não venha em prejuízo de outras mais importantes, não se pode chamar patrimonialismo. Assim deve ocorrer no Estado, na Pátria Mãe, que deve ser gentil com seus filhos, mas absolutamente NÃO pródiga com alguns, para que possa continuar garantindo a saudável subsistência a todos.

2 - Em sendo um arrojado defensor do livre fluxo do capital e do mercado, o que reputas por extrema modernidade e progresso, como é que explicas esta estranha defesa do escambo? Que regressão, não achas?!

3 - Se a pessoa gestora temporária do estado acha que o estado deve comprar pentes e espelhos, ou construir novas unidades para melhor atendimento e recuperação de menores infratores, deve abrir licitação ou concorrência e começar a fazê-lo. E na minha opinião com uma única unidade inicial, que bem serviria de piloto, para teste de resultados e em caso positivo melhoria das próximas.

4 - Se levantar fundos para a realização dessa obra, que agrega valores aos bens públicos, principalmente os não monetários, venha a demandar vender patrimônio público de conversão monetária, que se o faça na medida do necessário e pelos valores do teu tão querido mercado.

5 - Com a venda de um único hectare (dos setenta e tantos que tem essa fazenda dentro de Porto Alegre) se compra o terreno e constrói uma unidade completa dessas mostradas pela Maiojama, digo Zero Hora, como pretendidas para a tal descentralização da FASE, em Gravataí, Canoas, Sapucaia, ou qualquer outro município da região metropolitana.

6 - Isso sem contar com a provável contribuição dos municípios sede e de empresas sediadas lá, o que baratearia ainda mais todo o feito e sequer é cogitado no projeto.

7 - Porque o objetivo hipócrita desse projeto é claríssimo: assalto ao patrimônio público, como de tantas outras formas foi tentado e feito, agora com a desculpa de ajudar os menores.

8 - Se a pessoa que gere o estado quisesse melhorar o atendimento a menores infratores já poderia tê-lo feito e ainda pode fazê-lo a qualquer momento, sem dilapidar o patrimônio público.

O resto é conversa pra os guardas dos bois dormirem.
Dialógico disse…
Jean, tivemos o mesmo pensamento! Sem ler teu blo antes, veja o que escrevi no domingo: http://dialogico.blogspot.com/2010/04/o-projeto-de-lei-3882009.html

Abraço!!!