Um sofisma do Gaspari


O artigo do Gaspari é um sofisma. Condenar a manifestação do general principalmente por indisciplinada, tentando colocar sua origem na mesma fonte da ação dos 18 do Forte e dos resistentes à ilegalidade e imoralidade do golpe militar é bobice (ou a pior esperteza, coisa que não creio ser o caso).

O jornalista supervaloriza a formalidade e despreza o mérito, quando deve ser de conhecimento universal que este é superior e prevalente àquela. Ordens criminosas não devem ser cumpridas. Aí está um princípio fundamental que clama a cada indivíduo o julgamento do mérito de cada ordem. Criminosos devem ser legalmente punidos, não obedecidos. A disciplina é uma regra de método e organização, portanto secundária. Primeiro os princípios!

A origem e significado das ações de homens que se rebelam contra a opressão de ditadores que dão ordens criminosas é muito diferente das origens e significados dos atos daqueles que pretendem, criminosamente, suprimir a prevalência do comando democrático institucional estabelecido pela livre manifestação da vontade da maioria do povo.

O governo eleito e estabelecido nas condições democráticas e constitucionais buscar a lei para a correta punição de criminosos fardados ou de pijamas, de quepe ou máscaras, não é motivo para rebelião ou descontentamento de ninguém que não os próprios criminosos ou seus achegados.

Comentários

Jean Scharlau disse…
Celso Lungaretti disse (em seu blog)...
Jean,

as intervenções militares na vida política brasileira foram tão desastrosas que haverá um grande ganho se eles, como tais, nunca mais meterem o bedelho nas coisas dos civis.

Que fiquem nos quartéis e só saiam deles para combater tropas estrangeiras.

E os idealistas como o Lamarca, que tirem a farda e venham atuar politicamente como paisanos, correndo os riscos que os paisanos correm.

Será o melhor para todos.

Abs.
Jean Scharlau disse…
Caro Celso, não sou favorável a essa separação entre civis e militares, soa-me como separar brancos, negros, índios. Civis e militares são cidadãos de uma mesma nação.

Lembro também que outra atribuição das Forças Armadas, além e aquém da defesa contra agressão externa, é ser a última instância de garantia constitucional e das instituições democráticas, onde deve obviamente barrar os agentes de seu desmantelo e não promovê-los ou defendê-los.

Acho que a maior interação entre civis e militares, a maior cooperação e afinidade de ações é o que melhor pode resultar positivo para a nação, a democracia, a cidadania. É perceptível isto em muitas ações emergenciais e construtivas, conjuntas e cooperativas entre militares e civis, bem como na resistência interina a ilegalidades e crimes.
Jens disse…
Jean, nesta pendenga estou mais inclinado a concordar com o Celso: que os militares fiquem nos quarteis. Considerando a tradição golpista das Forças Armadas, é bom não dar sorte pro azar. Como disse o Celso, nossa geração está escaldada...
Quanto ao Gaspari, não há muito o que dizer além do óbvio: uma no cravo e outra na ferradura. Cabe registrar que ele bate mais nos troianos do que nos gregos.
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PS: um baita obrigado pelo teu comentário lá na Toca: verdadeiro, sábio, poético e comovente. De repente, publica no blogue.

Um abraço.