Tragédia na “Espera do Papai Noel”

Dupla tragédia, completamente previsível, acabou para sempre com Natal, aniversário, Páscoa e todos os outros milhares de dias de duas crianças que foram esperar o Papai Noel às margens do Guaíba.

Domingo foi um dia quente, sol forte, muito calor e sem vento. A Rádio Farroupilha, com patrocínio de Lojas Colombo, Arno, Tim e participação da Prefeitura Municipal, promoveu a “espera do Papai Noel”, na praia da Usina do Gasômetro.

Pela manhã um pelotão de salva vidas da Brigada Militar corria por ali gritando alto seus cantos marciais-motivacionais. À tarde, no horário do show, dezenas de seguranças zelavam pela segurança das instalações, atrações e objetos necessários ao evento – palco, cantores, músicos, camarins, geradores, aparelhagens de som, iluminação.

Certamente todos esperavam que centenas de crianças, principalmente de bairros pobres e vilas, fossem trazidas por suas famílias para a festa da “espera do Papai Noel”. Num dia muito quente às margens de um rio, ou lago. E não foi definida pela organização da festa nem pela prefeitura a presença de salva vidas, ou de policiais que impedissem as crianças de entrarem na água.

Três crianças se afogaram. Duas morreram. Nunca mais Papai Noel. Nunca mais escola, Nunca mais férias. Nunca mais alegria. Nunca mais nada.

Porto Alegre? Para quem? A mácula dessa tragédia ofuscará com escuridão e imenso pesar o tal pôr-do-sol no Guaíba, a árvore gigantesca e cara. Ofuscará só para alguns, não é mesmo? Pois a maioria buscará alegria, apesar de tudo, ou sequer saberá desse abominável fato. Mas é função e responsabilidade dos administradores que exercem os respectivos poderes zelar por todos. Principalmente pelas crianças. E havia muitos poderosos representantes de nossa sociedade, política e econômica, envolvidos, promovendo e administrando esse evento. Nenhum deles lembrou que crianças gostam de brincar na água?

Leiam a notícia aqui.

Comentários

Jean Scharlau disse…
Menina morre afogada no Guaíba
Vítima é Estefani Martta de Jesus, sete anos. Jade Jacinto de Oliveira, seis anos, está desaparecida

Atualizada às 23h01min

A menina Estefani Martta de Jesus, de sete anos, morreu afogada neste domingo no Guaíba, na Capital. Jade Jacinto de Oliveira, de seis anos, está desaparecida. Segundo a Brigada Militar (BM), Maison Silva Rosa, de quatro anos, que se banhava com elas, foi resgatado por populares e levado para o Hospital de Pronto-Socorro de Porto Alegre.

Três mergulhadores do Grupo de Busca e Salvamento dos Bombeiros conseguiram resgatar o corpo de Estefani. Até as 21h, não haviam encontrado Jade, que faria aniversário no dia 16.

O afogamento aconteceu durante a festa de espera do Papai Noel, promovida pela Rádio Farroupilha na área que fica próxima aos banheiros da Usina do Gasômetro.

A mãe de Estefani, a faxineira Fabiana Marta de Jesus, 31 anos, contou que veio do bairro Restinga, na zona sul da Capital, para assistir à festa. Estava com a amiga Jane Maria da Silva Jacinto, 43, mãe de Jade e Maison.

Pelas 17h, em função do calor, Fabiana foi trocar as fraldas e refrescar a filha mais nova, Raqueli, de nove meses. Então, pediu para a amiga Jane reparar Estefani, Jade e Maison, que tiveram permissão para se banhar, mas desde que ficassem nas margens.

Fabiana disse que pediu para as crianças não se afastarem da beira, com receio de buracos. Em certo momento, notou que Estefani, Jade e Maison avançavam na água, brincando, perto do barco flutuante do Gasômetro.

— Gritei para voltarem, mas o barulho da festa era muito grande, elas não ouviam — lembrou Fabiana.

A mãe chegou a entrar na água, mas as três crianças foram tragadas pela correnteza. Algumas pessoas conseguiram salvar Maison, que estava mais perto, mas as duas meninas desapareceram.
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Geral&newsID=a2322401.xml
Anônimo disse…
Para eles, os poderosos, sinônimo de água é piscina. Como ali não havia piscina...
Claudinha disse…
Pobres mulheres, por não saberem do perigo - seja pelo aterro que forma buracos, seja pela poluição - perderam suas filhinhas.
Agora, na matéria, nenhuma responsabilização do poder público, a quem compete colocar cartazes de atenção; à polícia, que não faz a segurança. Quanto à própria empresa que engendrou a bendita festa, nem caberia críticas e/ou denúncias, não é mesmo?
LAMENTÁVEL!
Claudia.
ARMANDO MAYNARD disse…
Criança cega e autoridades já o são! É uma tristeza dobrada quando se promove algo para alegria de uma coletividade e uma tragédia se abate sobre a mesma. Aqui em minha cidade Aracaju-SE. aconteceu também uma tragédia ligada aos festejos natalinos, que foi a queda da Árvore de Natal prestes a ser inaugurada, quando desabou matanto quatro funcionários da empresa que já a constrói a vinte anos consecutivos. O láudo apontou que a estrutura apresentava irregularidades.Existem as fatalidades mas muitas vezes a irresponsabilidade a antecipa.Um abraço,Armando - fetichedecinefilo.blogapot.com (posto também em lygiaprudente.blogspot.com)