Uma proposta para transporte público, coletivo , confortável

De certa forma revolucionária e bastante afeita a ímpetos democráticos.

(Editado em 2/6/08, 11:19 - só cortei o papo furado inicial)

Sou um cara que gosta de conforto. Vocês não? Por isto não me agrada caminhar 10 quadras até uma parada e esperar meia hora por um ônibus, que quanto mais demora mais lotado vem. Querem piorar o quadro? Que tal num dia frio e chuvoso de julho? Não, pior ainda: numa noite fria e chuvosa qualquer.

Eu sou meio classe média, tenho carro e às vezes até dinheiro para táxi. Quem não tem carro, ou dinheiro para táxi que se lixe nas roletas, que se dane nas paradas e fins de linha, que reze para não ser assaltado fora ou dentro do ônibus. Mas não é desses usuários, nem desse transporte coletivo que eu vou falar.

Eu vim apresentar proposta para um transporte coletivo voltado às classes médias, e meio altas, essa turma que está entupindo ruas e estradas com carros e os pulmões de todos com gases e mais fuligem, o que faz por um motivo muito simples: não gosta de sofrer. Esse pessoal médio meio alto, quase sempre que pode escolhe o conforto pessoal imediato, mesmo em detrimento de soluções sociais de longo prazo, que geralmente dão mais trabalho, isto quando não nos são apresentadas como francamente masoquistas.

Agora, cá pra nós: - a opção classe média e meio alta do carro próprio vem se tornando cada vez mais masoquista, ao trânsito dos anos. É estacionamento rotativo, e pago. É flanelinha - quando se acha lugar. É garagem paga por hora, a dez quadras de onde se quer chegar. É o caríssimo seguro. E a absurda franquia. É o IPVA, o mecânico, o eletricista. Troca de óleo, lavagem, calibração. E aquele arranhão feito à mão em toda a lateral, por nada (ou será que alguém não vai com a minha cara?). É o medo de parar na sinaleira e ser assaltado. É o medo de passar a sinaleira fechada e ser multado. E tem a chateação dos bêbados e equilibristas, que moram em baixo do viaduto e caem como a tarde, à janela do motorista. É a freada, o susto, a quase batida. Muito cuidado com o ônibus, o lotação, o táxi, o motoqueiro - todos acham que podem passar por cima, através, de través, à ilharga, ufa! Cuidado com a polícia, as multas, os pardais, os radares escondidos na descida da lomba onde a velocidade permitida baixou para 40 por hora. É o vidro quebrado, o rádio roubado. Ah, e os engarrafamentos bem na hora de ir e de voltar para o trabalho. Não, não falem comigo, nem enquanto, nem em dia em que eu dirijo.

Tem uma proposta que eu acho demais, muito legal e legau, há muitos anos apresentada no Pasquim pelo meu amigo e irmão mais novo Fausto Wolff, recentemente reapresentada por ele no JB, que é a de que as prefeituras melhorem a vida dos cidadãos com um dos meios de transporte mais revolucionários dentre os já inventados pela humanidade - a bicicleta. Assim como os ônibus, lotações, trólebus e bondes, milhares de bicicletas seriam colocadas à disposição da população nas ruas para uso a seu bel prazer e necessidade, sem que o usuário tenha que se preocupar com guardá-la, que é a parte chata, trabalhosa e uma das que inviabilizam o uso massivo das magrelas. Parece que ele trouxe esta idéia da Dinamarca, nos anos 70. É uma proposta supimpa e merece que eu lhe dedique pelo menos um próximo artigo inteiro por aqui e convide vocês para uma nova boa e velha discussão e bate papo. Esta porém não é a minha proposta.

A minha proposta é afim, paralela, similar, complementar e muito simpática a essa, mas é diferente. Pretendo apresentá-la a vocês amanhã, pois hoje é domingo, já passa das três da tarde e eu quero passear um pouquinho.
(Segunda-feira, 2/6, 11:21, atualização: o passeio de domingo mixou - faltou companhia. Pretendo publicar ainda hoje a seqüência do texto, mas o farei em nova postagem).

Comentários

Anônimo disse…
Oi, Jean..

O Roy ( Frenkiel, quem mais? ) me disse que você tinha ou conhecia um projeto social de incentivo à leitura parecido com um que eu divulguei, de um pessoal de São Paulo. Será que o início de tudo foi você ?

Parabéns pelo espaço. Já conhecia pela "turma" de amigos que temos em comum.

Bj
Gostei da proposta supimpa: quero andar de bicicleta, de charmosos bondes, de troleibus, também é bom dar uma boa caminhada até o trabalho. Muito mais saudável do que ficar dentro de um carro preso no engarrafamento de todos os dias. Mas que pena que isso não dá certo no Brasil das grandes cidades dos nossos dias. A classe média que tanto aumenta no Brasil - e que bom que ela aumenta -- quer mais é andar de carro zero, recém adquirido a 45 prestações de 200 paus ou a 60 de 150 'real'. O que temos que fazer? Fazer com que a classe média brasileira ande de transporte público limpo, eficiente e de qualidade, como ocorre nos paises europeus. É só copiar e colar.