Notas paleontológicas para um futuro arcaico

Meu amigo Ronaldo veio a Porto Alegre participar de um congresso de pelados naturalistas que tentam arranjar alguma roupa para encaminhar projetos de preservação ambiental e outras coisas típicas que fazem a essência das diversões jurássicas. Ele especificamente busca a nascente da preservação de um arroio e a criação de um parque em seu entorno, no âmago de uma das mais importantes cidades gaúchas. Não digo qual é a cidade, por enquanto, para não estragar a surpresa do anúncio que ele fará quando encontrar o caminho para abrir esse olho verde em meio à face cinza da cidade, essa escultura de neotiranossauro que construimos em ferro, cimento e fumaça com tanto empenho.

Noite passada tomamos umas cervejas lembrando venturas e desventuras entre o triássico e o pleistoceno, como as hilárias dificuldades e prosaicas conseqüências do acasalamento com as espinossauras, nossas brigas do tempo de estauricossauros , nossa fase rincossauros e outras maravilhas fósseis. No dia seguinte ele me liga perguntando se sei de algum lugar que venda brinquedos de madeira para levar de presente ao seu filho de dois anos. Digo-lhe de uma loja de uma entidade de preservação de menores anteriormente abandonados que vi no xópim Praia de Belas, onde vendem só brinquedos de madeira feitos por essa gurizada. O xópim fica contra-mão para ele que está sem o carro e que então reclama não encontrar no Centro de Porto Alegre nada além de brinquedos de plástico. Bom, filho de sauro, saurinho é, então não vai achar ruim o brinquedo de plástico, que afinal já foi madeira, e tudo que é sauro também.

PS - Grato aos outros amigos e leitores por seus comentários no texto abaixo. O bar deste aqui está aberto também.

Meu comercial: Em breve, neste blog, a apresentação de uma proposta para o transporte público coletivo, que pretendo de certa forma revolucionária e creio bastante afeita aos ímpetos mais democráticos da população. Pedestre leitor, aperte o botão e aguarde um pouquinho. Já está apontando lá, ó.

Comentários

Pede para o Ronaldo ir no Mac Donald´s, compra um Mac Lanche Feliz, ajuda as instituições de câncer infantil, come ou dá para um menino de rua o sanduiche , mas ganha um brinde de algum super heroi valentão por ai que o filho dele vai gostar. As crianças gostam desse tipo de presente. Se ele tem preconceito com esse negócio de multinacional, que ele vá mesmo no Praia de Belas que esses brinquedos de madeira são mesmo muiiito legais e inteligentes.
Anônimo disse…
Existem muitos brinquedos educativos que eu gostaria de comprar pra minha filha. Outros nem tanto, mas que ela poderá se interessar e eu comprarei, se puder. Mas alguns eu farei o máximo para que ela não tenha. Um exemplo são esses veículos elétricos (carros, motos, triciclos).

Feitos para crianças a partir de dois anos, esses brinquedinhos só servem pra gastar energia elétria e acostumá-las desde cedo ao sedentarismo.

Nessa idade o pequeno tem mais é que se exercitar, mexer as pernas e nada melhor do que pedalar muito pra fazer o veículo andar.

Buzina, rádio, faróis, até aceitaria e acharia legal ter uma fonte de energia pra esses acessórios, mas o "motor" tem que ser movido a perninhas mesmo! :)
Anônimo disse…
"Nessa idade o pequeno tem mais é que se exercitar, mexer as pernas e nada melhor do que pedalar muito pra fazer o veículo andar"? E em que idade não se tem? Quero ver se esses discursos se aplicam aos pais, que pegam o carrinho pra ir ali na esquina. Depois fica difícil convencer o "pequeno"...
Além disso, Alex, esses brinquedos elétricos são perigosos, porque a criação não tem o controle dessas geringonças e volta e meia acabam no meio da rua. E andar no meio da rua é complicado. TAmbém acho que desde cedo as crianças têm que aprender a pedalar, andar, correr, pegar a terra e, sobretudo, brincar. Brincar muito.
ZEPOVO disse…
brinquedos para crianças são muito importantes. Acho que devemos aprender com o primeiro mundo, os americanos por exemplo, as boas familias levam seus garotos para aprender atirar antes dos 10 anos, e qualquer piá já ganha seu rifle...
Devem estar certos, porque os americanos são tudo de bom, não são?
Aqui, não compramos mais nem armas de brinquedo, e temos até cartilha para aprender a ser assaltado...
Diga para seu amigo comprar um tacape de madeira certificada para o pimpolho...
Anônimo disse…
Só esclarecendo... acabei comprando um livrinho, que também já foi árvore e não é mais. Não posso dizer que tenha exatamente preconceito contra as geringonças de plástico, meu filho tem muitas, por isso mesmo queria um dos de madeira, que é mais difícil de encontrar onde moro. Acho que quando ele for grande, até os de plástico serão coisa do passado. Ele vai ter um carrinho virtual ou holográfico, e vai ter nostalgia pelos de plástico. Eu tenho pelos de madeira... Aliás, se alguém souber onde tem uma marimba de madeira com chapinhas coloridas de metal, pode avisar que eu compro!!
Não generaliza, Zé do Povo...
Jens disse…
Quando era pequeno brincava com uma metralhadora de plástico azul que fazia rátátátá quando girava a manivela. Depois ganhei uma pistola Beretta preta de metal com espoleta; uma caminhão de madeira vermelho e azul; um uniforme da PM; um coldre de caubói; uma besta de Guilherme Tell e um uniforme do Inter (com chuteiras e tudo). Também fazia facas e espadas de madeira. E arco e flecha de índio. Era legal.
Vais disse…
Olá Jean,
gostei, e boa a prosa dos comentários, concordo de todas as maneiras que criança tem que brincar e tenho comigo que esse bando de adulteros(ahahaha é uma sacanagem com o adulto)cheios de neuras é porque não brincaram quando criança, e o negócio tá mais brabo ainda, querem porque querem adulterar e enquadrar as crianças, quanto mais cedo melhor.
O comercial tá bão, transporte coletivo, forma revolucionária,
como diz o Jens, 'quebra tudo', Jean!
abraço
Anônimo disse…
Pô, o cara pergunta onde comprar uma porrinhola qualquer de madeira pra levar pro filho e leva pau de gente que nem conhece... Será que não tem assunto mais polêmico? Sei lá, o final da novela... "Tacape de madeira certificada"? "Enquadrar as crianças"? Mas que gente... Devem pedir pro quitandeiro o tomate com mais pesticida que tiver, que esse negócio de comer saudável é coisa de boiola...
Anônimo disse…
E o tal Ronado ainda tem a fineza de "esclarecer", com uma elegância do tempo dos brinquedos de madeira. Melhor deixar no escuro...
Jean Scharlau disse…
Maia, o "nosso" (deles) homem na blogosfera. Nas horas vagas faz Mac propaganda feliz.

Alex, new star arround here.

Zé Povo - dinossauro olhou atravessado leva tacape nas fósseis.

Ronaldo, marimbeiro da praia.

Jens, também conhecido como O Jovem Rambo.

Vais, bela da tarde, com vocação para Sherazade.

Cefalópode, crítico de comentários.

Grato pela participação, voltem sempre.
Vais disse…
Ei Jean,
bejim pelo 'bela da tarde', tô eu daqui arrumando confusão no seu estabelecimento com o comentário que fiz.
Olá Ronaldo e Cefalópode.
Referente à postagem, o que escrevi vai até a concordância com o Carlos Eduardo, das crianças brincarem, e sobre sua proposta, o resto do comentário é propaganda subversiva contra o mercado do sistema.
abração procê
Vais disse…
Olá Jean,
saudações.
ó, este não é para publicar, é conversa na cozinha.
Pelo seu comentário, muito lindo, você sabe que não seria indelicada, o fato é que não resisti em escrever aquilo lá, não foi por causa do texto, e não quis render assunto, é que eu vivo esta tentativa de adultar as crianças antes do tempo com minhas filhas, e só um exemplo, uma tem 5 a outra tem 3, e eu falo com elas, não deixem ninguém falar de vocês mocinhas, vocês são crianças.
É querido Jean,não tem jeito é enfrentamento, é rompimento, nós temos que romper com determinados ciclos, e como quero.
Beijo