Esse pessoal da antiga, quando se para a conversar

Está lá no Millôr na linha

Sermão do bom ladrão
Encontrei-me com o Padre Antônio Vieira que não via há bem trezentos anos. Ele me disse: "Os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e as legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem. Estes roubam cidades e reinos. Os outros furtam debaixo de seu risco. Estes roubam sem temor porque sem perigo. Os outros, se furtam, são enforcados. Estes furtam e enforcam. Que tal? " Respondi: "Bom".

Esse pessoal da antiga quando se para a conversar não dá bola pros mais novos. A gente tem que ficar na volta, peruando alguma coisa. Se tivessem me perguntado eu diria que mudou um pouco de lá pra cá, que naquela época os reis compravam navios, exércitos e hoje os que então os vendiam é que compram os reis, os governos das províncias, os administradores das cidades. Que tal? "Mania dessa gurizada ficar dando pitaco!" Responderiam.

Comentários

Saramar disse…
Jean, como isso está certo. Inverteu-se a lógica do mundo e hoje, governos e países são comprados como se compra um carro. E crianças, flores e almas se vão levadas no pacote da ganância e da indiferença.
Triste mundo!

Bem a propósito, eu acho, vim aqui para indicar-lhe um texto fantástico de um amigo poeta paraense. (Não, não é um poema de amor...rssss)
Por favor, leia aqui:

http://www.planetaliteratura.com/index.php?view=detalhesartigo&codigo=764

Beijos
P.S. Não se esqueça que espero sua visita amanhã no www.casadoescritor.com, certo?
Moita disse…
Jean

Pelo amor de Deus, quando se encontrar com meu amigo Antonio de novo, dê-lhe pelo menos meu e-mail. Da ultima vez que o encontrei eu ainda não tinha endereço eletrônico.
Naquela ocasião, o Antonio Vieira, me disse: O jumento é nosso irmão. Nós acdeditamos tanto nisso que o promovemos a um cargo muito elevado.

Estou precisando discutir melhor esse assunto com ele.

Fico-lhe muito obrigado por ter tirado o segredo do cadeado do seu portão. Virei com muito mas frequência.
Jean Scharlau disse…
Moita, também não tenho teu emeil e como disse, não é fácil que me escute, mas se tiver oportunidade indicarei a ele teu blog.

Quanto aos irmãos jumentos, somos milhões e carregamos o Brasil nas costas. A diferença entre uns jumentos e outros é para onde levam sua carga. Os que estão agora cumprindo seu turno pararam de levá-lo de presente ao estrangeiro.

Abraço.
Jean Scharlau.
Jean Scharlau disse…
Olha, Saramar, o que colei lá da pesquisa do Edmir -


[...]"Como vos ireis justificar diante do Juiz do Céu? Vós dizeis-me: ´Qual é a nossa falta, quando guardamos o que nos pertence?´ Eu vos pergunto: ´Como é que arranjastes isso a que chamais vossa propriedade? Como é que os possuidores se tornam ricos, senão tomando posse das coisas que pertencem a todos?"

"Vejam o que lhes cerca, a cidade está cheia de pobreza chocante que ergue os olhos carregados de ódio aos poderosos; o povo está sem pão, sem abrigo, sem vestuário, sem esperança e sem possibilidade de sair de sua pobreza. E vocês... Ah! Vocês... estão mergulhados, como Roma antiga, em completa desordem, mas ainda assim enchem o templo de suntuosidade e deixam o povo mais simples fora de seus banquetes feitos a custa do suor alheio."

"Ai de vocês, filhos rebeldes! Vocês fazem planos que não nascem de mim, fazem acordos sem a minha inspiração, de maneira que amontoam erros e mais erros." - Diz Javé.

Nós, os socialistas, os comunistas, os ambientalistas, os humanistas, os intelectuais, os religiosos, os jornalistas, os doutores, os bem feitores, onde estávamos enquanto você morria?

Perdoa a nossa vergonha, Dorothy.[...]

A este nome, Dorothy, eu acrescento, ainda sem que os saiba um a um, milhares, milhões de outros nomes, de tantos que tombaram na mesma luta, por causas dignas de fazer imaginarmo-nos filhos de Deus, portanto irmãos, e aos quais ninguém exalta em cânticos, aos quais só suas pobres famílias e companheiros(as)de trabalho incluem nas preces. Que por eles, junto aos que permanecem e trabalham, resgatemos o que temos de ânimo fraterno, primeiro para com os menores, os mais frágeis, os que imediata urgentemente precisam. E que não nos paremos nas preces e nos textos e nos poemas, pois tantas outras aptidões têm as mãos, as cabeças, os corações.

Abraço. Jean Scharlau.
Moita disse…
Jean

Agora sem cadeado eu vou começar a abusar.rssss

Eu fico com uma dor do lado de rir dos seus tão bem elaborados comentários.
Aproveito o ensejo pra incentiva-lo a escrever crônicas de humor.
Sem brincadeira. Falo sério.

Abraços, do amigo Moita.
Jean Scharlau disse…
Moita, grato pelo incentivo.

Há porém um probleminha nesta questão. Muitas vezes quando conto uma piada meus leitores choram...
E riem quando falo sério.

Abraço. Ah, vou corrigir uma falha. Constarás na lista dos meus amigos, além da lista de adversários. Não é bonito isto?